Vejo muitos espiritualistas e/ou cientistas buscando incansavelmente uma comprovação da sobrevivência da alma, a perpetuação do Ego, que seja factual e insofismável o suficiente para sepultar o materialismo e a descrença.
De minha parte, eu tenho expectativas bem mais humildes e limitadas. Ao contrário de uma prova científica, definitiva e inquestionável da vida após a morte eu queria apenas uma experiência mística, subjetiva, pessoal e forte o suficiente para varrer toda e qualquer dúvida do meu coração, mesmo que esta epifania jamais pudesse ser passada adiante ou comprovada, permanecendo para sempre como algo absolutamente pessoal, escondida nas minhas lembranças e reminiscências.
Assim, quando o adeus e a saudade se aproximarem de minha breve existência, poderei de me agarrar a esta certeza pessoal – a vívida experiência mística da imortalidade – para que os meus últimos anos não sejam marcados pela tristeza e pela desesperança.
“Senhor, se tens algo a me dizer, que o diga agora. Estou pronto a receber sua mensagem. Tudo o que desejo é um aviso, uma prova, um sinal”
Silêncio.
O telefone toca. Assustado atendo. Uma voz de criança me diz:
– Vovô, posso ir na tua casa ver Peppa?
Obrigado, senhor. Obrigado.
