No colégio havia aquelas duas meninas que você olhava com o rabo do olho todo santo dia, deixando de prestar atenção nas hipotenusas enigmáticas da professora de matemática. Uma delas era a gostosa da turma, livre, decidida, sedutora, “cheia dos anel e dos batom”, cujas pernas lhe hipnotizavam e a cor do sutiã era motivo de debates na hora do recreio com a cafajestada da aula. Sentava no fundo e tinha admiradores e seguidoras. Uma “pin up girl” na parede da minha memória.
No outro lado da sala sentava aquela menina meiga, delicada, sensível e que você imaginava seria a mãe ideal para os seus (quatro) filhos. Inteligente, CDF, mignon, esperta. Sua inteligência emoldurada pelos óculos eram uma flechada no coração.
Sofria de torcicolo procurando cruzar meu olhar timido com minhas paixões juvenis tão distantes, tanto no mundo quanto na imagem que delas fazia. Sempre que eu olhava para uma sentia a culpa pela outra, como se a estivesse traindo com meus olhares e minha imaginação lasciva.
Ok… casei com uma mistura de ambas e ponto final. Mas o que eu queria dizer é que uma sensação muito próxima dessa se abate sobre este velho coração ainda hoje, quando vejo as disputas dos candidatos anti-coiso. Cirão é pura volúpia e intensidade. Fala, grita, esperneia e aponta o mal com coragem. Já Haddad é profundidade, franqueza, sensibilidade. Com um quero me emocionar; com o outro quero sonhar, mas não deixo de sentir culpa por este para cada momento em que os meus olhos se fixam no que aquele outro fala.
Não me critiquem por sofrer por dois amores. Só vou me decidir no altar. Até lá manterei essa minha atitude oferecida e assanhada.
PS: meu sonho sacana? Uma lua de mel com os dois…