Arquivo do mês: outubro 2017

A Grande Tempestade

A noite escura era pontuada por esparsas centelhas cujas luzes driblavam a cortina de nuvens. A tormenta que se aproximava deixava o ar denso, entrecortado pelos silêncios que se faziam após cada relâmpago riscar o céu. Abrigados da chuva, mas ainda receosos do que estava por vir, Russel e Samya escoravam as costas na parede de cor salmão do porão do Centro Comunitário de Naples. O vento soprava pelas frestas da porta enquanto a rádio local anunciava para todos a distância que o furacão se encontrava. Mulheres agarradas aos seus filhos pequenos se amontoavam entre a larga escadaria e a pilha de água mineral trazida pelo Bispo Jameson.

– Vai nos atingir de madrugada, disse Russel, sem desviar o olhar da caixa de madeira repleta de biscoitos à sua frente.

– Melhor assim, estaremos dormindo. Quando a manhã chegar subiremos para ver o estrago. Procure dormir, você está cansado. Trouxe todas as crianças da escola, deve estar exausto.

Samya abraçou seu marido e repousou o queixo sobre seu ombro. Russel manteve o olhar fixo à frente mas deixou que sua voz escapasse pela fresta dos lábios.

– Nesses momentos eu penso se algum dia haverá justiça. Se todos morrerem acaba também a possibilidade de que a verdade venha à tona. Mais do que as vidas que se vão é a verdade a morte mais temida.

– Não pense nisso agora, sussurrou Samya. Procure dormir.

– Todos esperam que a posteridade por fim os absolva. Um ano, dez anos, cem. Mil anos talvez. Quem sabe uma perfuração arqueológica alienígena que desvende um mistério de nossa civilização. E lá está você, milhares de anos depois de ter virado cinza, recebendo por fim seu reconhecimento e seu perdão. Um jovem pesquisador de antenas na testa traduz os hieróglifos de sua vida e, por fim, lhe concede o perdão póstumo, aquele que sua alma ansiava por receber.

– Você deveria deixar de …

– Mas se tudo acabar, seguiu Russel, quem poderá conceder o descanso para esse espírito? Quem oferecerá o veredito final, que fará a justiça por fim triunfar?

– Nada vai acabar, Russel. Não seja negativo. Eu estarei aqui com você para toda acabar eternidade. E o meu coração sabe a verdade.

Samya abraça o marido enquanto a silhueta de seu rosto contrasta com a luz da lâmpada balançando no teto.

Antes das luzes se apagarem, seguindo-se ao estrondo colossal que fez as paredes do porão acanhado sacudirem, Russel segurou firme na mão da esposa e ainda pôde dizer:

– Talvez não seja possível que o perdão e a justiça cheguem; melhor então aceitar que nem todos terão a chance de alcançá-los.

Manny Peyton Hodgson, “The Great Tempest”, Ed. Flamboyant, pág 135

Manny Hodgson é um escritor americano nascido na Geórgia. Dedicou-se aos contos e ensaios. É professor na University of Georgia, em Athens. Escreveu vários livros de contos, entre eles “Na Casa de Madeleine” e “Vampiros de Luz”. Em seus contos e crônicas aborda em especial a vida no campo, a simplicidade, as coisas comuns da vida e os ambientes bucólicos e simples da “countryside” americano. É casado com Debbie Harris e tem um filho, Albert.

Deixe um comentário

Arquivado em Citações

Homem de Verdade

E lá estava eu tentando arrumar de todas as formas o carro de uma amiga sem resultado. Sei que não é bateria porque posso escutar o motor girar, e também que não é falta de gasolina porque o mostrador está marcando “cheio”. Param por aí meus conhecimentos sobre mecânica. Minha ignorância sobre carros é espantosa. Não conheço marcas, modelos e há pouco tempo achava que os carros “Flex” tinham duas entradas independentes, para álcool e gasolina.

Desisti de achar uma solução, depois da busca indefectível por um fio desligado com o capô do carro levantado e uma cara de especialista. “Não adianta, disse eu para Flávia, melhor chamar um homem de verdade para consertar isso“.

Depois fiquei pensando que um homem de verdade é um cara forte, grandalhão, barbudo, com uma camisa xadrez, conhecedor de mecânica, é lenhador e caça sua própria comida.

Ah, é sujo e não lava o pinto…

Deixe um comentário

Arquivado em Histórias Pessoais

Barulhos de fundo

Não é fácil e posso entender quando o peso nos faz vergar os joelhos. Eu só entendi o bullying que sofri durante 30 anos quando parei de atender, pela mesma razão que a gente só percebe o silêncio quando alguém desliga o ventilador e interrompe o barulho. O bullying na minha vida era o “ruído de fundo” que, de tão constante e insistente, parecia inseparável do cotidiano. Só o desligar de todas as máquinas me deu sua verdadeira dimensão.

É possível compreender a angústia daqueles que desistem no meio da batalha ou que lamentam terem um dia escolhido a pílula vermelha. Entretanto, isso em nada muda a necessidade da luta ou sua urgência, apenas trocamos os personagens.  

“Não chores meu filho, não chores, que a vida é luta renhida. Viver é combate que aos fracos abate, mas que aos fortes e bravos só sabe exaltar.” (Ijuca Pirama)

Deixe um comentário

Arquivado em Ativismo, Parto

Pornografia

Acho que vocês estão colocando peso demais na pornografia, como se os homens se “viciassem” em pornografia e, como consequência, tal adição pudesse trazer problemas sexuais para eles e suas parceiras. Não acredito nessa possibilidade. Pornografia sempre existiu, desde que houve corpos que se interditaram. As ruínas de Pompeia são cheias de pornografia nas paredes. Na minha juventude havia os desenhos de Carlos Zéfiro (obras de arte). Pornografia não é causa de nada, é consequência. Quanto mais constrição sexual houver em uma determinada cultura mais a pornografia se torna uma válvula de escape necessária.

A estética das mulheres no filmes XXX nunca foi essa das “bombadas”, a não ser que tenha modificado muito nos últimos anos. Todas as grandes e famosas atrizes são mulheres de corpos redondos. Não sei de onde tiraram que esse modelo do carnaval vem da pornografia.

Aliás, a indústria pornô não precisa sequer ser combatida pois está em rápido e vertiginoso declínio. Mas o mal da pornografia não é para os homens (e suas parceiras), mas para as atrizes abusadas e tratadas como lixo. Há inclusive um ótimo documentário sobre heróis aposentados da indústria pornográfica no Netflix. Muito bem feito, inclusive.

Essa história moderna de que os homens se viciam em pornografia lembra as histórias da “cegueira que se segue à masturbação“. Não faz sentido, e serve mais como moralismo do que o enfrentamento de um verdadeiro problema. Eu acredito ser possível que existam meninos e meninas viciados em pornô, mas não se pode acreditar que o fator externo é o culpado por tais distúrbios, quando na verdade o sexo (o álcool, o crack, a maconha, a comida, a heroína) apenas ocupa um lugar que precisa ser preenchido em uma alma carente.

E quanto à demanda para que as mulheres se adaptem a um padrão de beleza irreal (e eterno), quando é que na história desta espécie não foi assim? Vou mais longe: acho que nunca deixará de sê-lo, pois que não se trata de um valor cultural, mas da essência da estrutura sexual feminina. O caminhar da humanidade vai equalizar essas demandas e não qualquer tipo de proibição. A busca da perfeição deixará de ser tão massacrante e aviltante para as mulheres, mas nunca cessará de existir.

É óbvio que um sujeito que assiste pornografia tem mais chance de ter impotência, mas de novo a pornografia é a CONSEQUÊNCIA e não a causa. A pornografia é o Porto Seguro do prazer!!!! Você transa com quem quiser, com a mulher mais linda (ou homem) sem risco de DST, gestação indesejada e (melhor ainda) sem risco de rejeição!!!!! É óbvio que os tímidos e inseguros vão recorrer a este lugar, e é óbvio que serão os MESMOS que terão falhas ou crises quando estiverem diante de uma mulher (ou homem) de verdade!!!

Mais uma vez os articulistas desses estudos confundem causa com consequência, e minha suspeita é que são convencidos(as) a isso por moralismo. A causa da impotência é intra psíquica e a sua consequência é comportamental: o consumo de….. (coloque aqui a adição que mais se adapta ao sujeito), e não o contrário.

Deixe um comentário

Arquivado em Pensamentos, Violência

Mulher Selvagem

Muitos querem afastar dos olhos a imagem da “mulher selvagem” que compõe a iconografia do parto em tempos de humanização do nascimento. Suspeito que as que mais temem essa imagem enigmática e desafiadora são as próprias mulheres, talvez porque ainda não descobriram o real fascínio que tais fotografias podem produzir em todos, em especial nos (seus) homens. Ao meu ver, a maquiagem é apenas um recurso para que esta “outra” continue existindo apenas nas fantasias e não consiga se expressar, vencendo as barreiras da epiderme. Deixar brotar essa mulher selvagem demanda coragem pois, depois que ela surge, como colocá-la de volta em sua jaula?

Não entendam isso como uma crítica ao recurso; use-o quem o desejar, sem esquecer das questões médicas que se perdem com sua aplicação, como a cor da pele do rosto, do leito ungueal e a perfusão das mucosas labiais. Trata-se tão somente de tentar entender as razões que trouxeram à tona este debate.

Entretanto, me permito uma interpretação para além dos valores superficiais. Creio que ficar maquiada para esses momentos é tentar manter aquela mesma “persona” (máscara) por tantos anos cultivada, ao invés de arriscar-se numa nova mulher, cuja beleza emerge não da suavidade do contorno dos lábios e sobrancelhas, sequer das bochechas salientes e coradas, mas da energia colossal que brota de seu suor, lágrimas, gritos e cabelos em chamas.

A quem interessa que esta mulher selvagem se mantenha encarcerada?

No Brasil 85% das mulheres do setor privado se submetem a cesarianas e nós vamos debater a maquiagem? É isso produção?

Deixe um comentário

Arquivado em Pensamentos

Intolerância

Um grupo de bananas reacionários de ultra direita invadem uma palestra comemorativa do centenário da Revolução Russa com palavras de ordem, gritaria e ofensas. Houve confusão e confronto. Lamentável espetáculo de intolerância e preconceito.

Mas…. qual a diferença entre essa ação e a interrupção de uma palestra do Bolsonaro com as mesmas ferramentas de intimidação e silenciamento?

No fundo sobressai a ideia de que sempre nos achamos donos da verdade. Somos “os certos” e os outros “errados”. Os outros precisam tolerar nossas atitudes violentas porque estamos ao lado da correção e da virtude, mas não temos o dever de respeitar os oponentes, já que estão ao lado do erro e do vício.

No fundo sempre achamos que nossas falhas são justificáveis, mas não temos a mesmo condescendência com os nossos adversários.

Deixe um comentário

Arquivado em Política, Violência

Ladainha

É uma tristeza ver tanta gente entrar nessa ladainha conservadora do “combate à corrupção”, como se o problema do Brasil fosse esse. Nosso problema é a desigualdade e a injustiça, e nossa política é um reflexo dessa estrutura arcaica e escravagista. O sonho ingênuo dos conservadores é que, tirando todos os corruptos e ladrões, assumirão os bons, os honestos, os probos. Isto é: nós.

Como dizia o Millôr Fernandes, “O mundo está repleto de canalhas, mas estão todos na mesa do lado“. Para os liberais da hora, o pessoal do “imposto é roubo”, quando limparmos a política dos corruptos assumirão aqueles acima de partidos e bandeiras, sem lado, sem ideologias, os administradores isentos da coisa pública. Isto é: os gestores.

Afinal, administrar um Estado é como controlar um boteco: entrada, saída, fluxo de caixa, salários. Cada um no seu lugar. Quem roubou vai pra cadeia. O lucro é sagrado e o boteco é meu por mérito. Quer igualdade? Vai pra Cuba, desgraçado!!!!

Deixe um comentário

Arquivado em Política

Não me obrigue a…

Li mais uma matéria sobre o “direito de não amamentar” e que se coloca ao lado de tantas outras que li nos últimos anos queixando-se de uma espécie de “patrulha” por parte do ativismo da amamentação. Essas queixas atuam como sombras de qualquer movimento social que promova uma mudança nas suas estruturas. Se você cria um movimento de boa alimentação perceberá imediatamente o surgimento de sua sombra, “não me obrigue a comer vegetais”, ou “eu como junk food e sou feliz”. Coloque aí parto, feminismo, poluição, sexo livre, liberdade de expressão e democracia. Todos têm suas sombras, criadas uma fração de segundos após o surgimento dos movimentos que combatem.

Não há dúvida que estes movimentos tem suas razões, até porque é impossível que a paixão que estimula o surgimento de movimentos sociais não crie também exageros e visões afuniladas, aquelas que tentam traduzir o mundo todo a partir de uma única questão humana. É função desses contra-movimentos servir de anteparo aos exageros naturais. São, portanto, úteis no progresso das ideias.

Entretanto, é importante entender como se situam esses movimentos que tentam criticar a amamentação e qual seu sentido. Conheço essa retórica desde que começamos a lutar contra os abuso de cesarianas e no combate à violência obstétrica há 25 anos. Logo percebi que, mesmo diante do escândalo internacional de termos 85% de cesarianas no setor privado, ainda havia espaço para escritos, relatos e discursos alinhados com “não me obrigue a um parto normal”, como se o nosso problema não fosse a taxa pornográfica de cirurgias de extração fetal, mas relatos esparsos e sem comprovação de alguma mulher sendo impedida de ser operada como desejava.

A acusação recorrente que surge de forma recorrente é de que os defensores da humanização não se importam com o sofrimento das mulheres que não pariram e/ou não amamentaram. Ora… o sofrimento de qualquer mulher nos é importante, mas o FOCO de nossa luta é o fracasso do parto e da amamentação para aquelas mulheres que assim o desejavam. Essas são mulheres traídas pela cultura e que recebem apoio das militância do parto e da amamentação, mas de forma cíclica vejo estes movimentos sendo acusados de criar cartilhas de “parto correto” ou “leite correto”, o que deixa as que não conseguiram deprimidas e desconsideradas. Essa acusação é simplesmente falsa.

Para mim essas manifestações representam – em grande proporção – o sentimento de culpa por parte de quem, desejando amamentar, assim não conseguiu. O sentimento de falha – por algo que sequer tem culpa – acaba gerando uma reação de ataque àqueles que defendem a amamentação. O pior efeito colateral dessa inadequação é colocar naqueles que lucram com o desmame a máscara injusta de “lutadores pela liberdade de escolha”.

Minha tese é que nós, que lutamos pela humanização, precisamos escutar essas mulheres; em verdade devemos escutar qualquer mulher, pois todas tem algo muito importante a dizer. O erro é achar que a insistência para amamentar é o “problema”, quando na verdade é um exagero inerente a qualquer luta por mudança de um cenário sombrio . Não, o problema é o desmame, o machismo, o abuso de cesarianas, a falta de democracia, a violência policial. O problema é o racismo, e não algum branco que foi barrado em uma banda de pagode, ou um homem que se sentiu ofendido por uma queima de sutiãs (pra ver como minha iconografia é dos anos 60). Todavia, é claro que a queixa de uma mulher que se sentiu constrangida em sua decisão de não parir ou não amamentar é justa e deve ser levada em consideração.

É preciso escutar o discurso que essas pessoas trazem, sem dúvida, mas sem cair no erro de acreditar que existe um real problema de constranger pessoas a amamentar quando o grande drama nesse país ainda é o desmame precoce e nossa luta por elevar a média de amamentação para além de míseros 54 dias.

Também precisamos debater excesso de cesariana, machismo, comida envenenada e tantas outras causas nobres sem medo de ver suas sombras surgirem logo depois.

Deixe um comentário

Arquivado em Ativismo, Medicina

Obstetra

“A figura do(a) obstetra, por ocupar um espaço tão significativo no imaginário feminino, acaba produzindo um sentimento de genuína paixão que pode se transformar em ódio e ressentimento com extrema facilidade. A delicadeza com que este encontro se constrói faz de sua tessitura um trabalho de arte, muito mais do que de técnica”

Ionela Kogalniceanu, “Spiritul profund al nașterii”, Ed. Belgrad, pág 135

Deixe um comentário

Arquivado em Citações

Simbolismos

Parei totalmente de fazer episiotomia num memorável plantão obstétrico em uma cidade vizinha de Porto Alegre quando corria o ano de 1990; lá se vão 27 anos. Resolvi testar a capacidade elástica dos períneos por mim mesmo, em uma época em que episiotomia era tabu e não realizá-la era considerado má prática. Todavia, essa determinações não vinham da ciência e das pesquisas, e sim através do “Guardiões do Saber da Província“, mais preocupados com a manutenção dos seus privilégios do que com a garantia da integridade física de suas pacientes.

O resultado de minha experiência prática nos plantões foi espantoso: os períneos, em sua imensa maioria, se mantinham íntegros ou com lacerações minúsculas. A paciência com a elasticidade perineal, conjugada com a posição vertical do parto – que eu já usava desde a residência – foi um grande sucesso, e apresentou duas conclusões interessantes. Em primeiro lugar, demonstrou o que a pesquisa de Thacker & Banta já afirmava: não se justifica a episiotomia de rotina para proteção contra lacerações nos tecidos do períneo. Em segundo lugar, confirmou a tese de que a episiotomia era um ritual mutilatório por oferecer os três elementos que o constituem: padronização, repetição e simbolismo. Quanto à repetição e à padronização do procedimento não havia dúvidas, mas qual o simbolismo se escondia por detrás do meramente manifesto no corte sobre as estruturas perineais?

“Eu sou o caminho à verdade e à Vida, só parirás se for por mim”, dizia Max sobre a ação que abria as portas do claustro materno, permitindo assim a liberação do ser por ela sequestrado. Cabia a nós, médicos, permitir que o bebê pudesse escapar das amarras de pele e músculo pelas quais sua mãe o prendia. Era por nossa ação que ele escapava da prisão sufocante em que se encontrava, podendo finalmente encontrar o ar que o corpo de sua mãe teimosamente sonegava.

A episiotomia nos colocava gloriosamente no centro da parturição, atestando nossa importância no evento e confirmando nossa desconfiança milenar na defectividade essencial do corpo da mulher. O monstro da “vagina dentada”, se mutilava falos no passado, hoje encarcera bebês, e o bisturi da cultura ao corta-lhe a garganta devolve a nós o produto social – o bebê – agora pela mão hábil, precisa e segura do cirurgião.

Foi preciso acordar dessa fantasia, transmitida pelo currículo oculto da escola médica, para interromper as mutilações genitais que fui ensinado a fazer. Nunca me arrependi de ter abandonado essa prática medieval, mas ainda carrego um certo remorso pelas tantas vaginas que maltratei – por ignorância, medo e miopia – durante meus anos iniciais de prática.

Que elas possam um dia me perdoar.

Deixe um comentário

Arquivado em Histórias Pessoais, Parto, Violência