Arquivo do mês: dezembro 2020

Exemplos

Exaltar personalidades é sempre ficar refém de suas atitudes. Por isso mesmo é importante deixar o entusiasmo de lado para não se enganar com fatos isolados que, muitas vezes, são produzidos de forma oportunista. No mundo do espetáculo tudo é fantasia e nada é de graça. Diante da pergunta “qual o verdadeiro Neymar?”, eu arriscaria dizer “nenhum dos dois”….

O jogador fazendo festa com os parça com muita mulher, cerveja e pagode. Muito brega, muito kitsch, muito caro mas, afinal, de que vale tanto sacrifício se não foi possível aproveitar com estes exageros e com os arroubos que ocorrem nestas comemorações?

Um menino que passou a ser vigiado desde cedo, amado pela torcida ainda na infância, adorado por fãs, reverenciado por críticos do futebol não tem condições de ver a vida a não ser por esta perspectiva de “centro do mundo”.

Cobrar dele que tenha consciência social não faz sentido, pois o mundo gira em torno de suas chuteiras. Ele jamais foi devidamente ensinado a ter limites, pois a cada ato irresponsável havia um tratamento de “príncipe temperamental” reservado a ele.

No fundo a gente queria que o garoto mentisse um pouco, que nos oferecesse uma imagem pública de respeito aos outros, que fosse mais solidário nas aparências e que levasse uma mensagem mais positiva para os meninos e meninas que admiram seu futebol.

Mas eu creio que ele não seja capaz disso. Sequer uma imagem fabricada e falsa de responsabilidade social e respeito ele admite assumir. Parece mesmo que ele sequer precisa fingir o que não é.

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Ócio

Passei a vida inteira escutando gente se dizendo “workaholic”, como se isso fosse uma virtude, como se trabalhar como uma máquina fosse algo bonito ou nobre, afirmando “não ter tempo”, dando a entender que essa falta era algo admirável e lhe conferia valor e importância. Pois eu digo que boa parte desses sujeitos colocam “stent” no coração aos 45 anos, estão impotentes, obesos, angustiados, solitários, sem amores, pagando pensão e carregados de remorsos. Estão cercados de coisas, objetos, posses, “cargo”, com os quais desenvolvem relações afetivas imaginárias e doentias.

Eu sempre me contrapus a essa ideologia com veemência. Sempre achei que um sujeito não pode ser definido apenas pela sua função social e passei a defender o ócio e o lazer como armas potentes para enfrentar a desumanização do capitalismo. Sempre tive arrepios quando as pessoas usavam desculpas estúpidas para “cancelar o Carnaval”, economizando com lazer, não investindo em música, teatro ou arte e usando como argumento a ideia de que esse dinheiro seria mais bem usado em hospitais e ensino de qualidade.

MENTIRA!!! O lazer é tão importante quanto uma escola ou um hospital, e música é tão importante quanto medicina!! A diversão é uma parte sagrada da vida. Sem o ócio não teríamos 80% da produção literária do mundo; sem a diversão seríamos uma espécie eficiente, porém robotizada, doente e infeliz. Observe bem: quem faz esse discurso sobre a “sacralidade do trabalho”, pela dedicação ao serviço, pedindo para “vestirem a camiseta da empresa” são os patrões, pois eles tem seu lazer garantido pela maisvalia que subtraem do serviço alheio. Todavia, acham que o prazer dos outros é um desperdício imoral…

Esta é uma causa que nos cabe seguir!!! Pelo direito à vagabundagem, aos passeios, a ficar com as crianças, ver uma série na TV, sair de férias, nadar no rio, jogar cartas, ter um hobbie, namorar a vontade e brincar sem culpa. Pelo fim da escravidão moderna!!!

Para ler mais sobre o tema, veja aqui um texto de 2013 sobre a mesma questão.

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Ciência como Religião

Pois, na vigência da pandemia, eu me vejo cada vez mais fã do Giorgio Agamben. Há mais de 15 anos eu dizia que a “ciência ocupa o lugar deixado vago pela religião no imaginário social”, querendo dizer que a maneira como clamamos hoje pela ciência muito se assemelha à forma ritualística e desesperada como pedíamos a intervenção divina para a superação de crises sanitárias e tragédias no passado.

Aliás, aqui mesmo no Facebook vejo clérigos e bispos desta religião moderna todos os dias fazendo pregações, conclamando fiéis e exortando a que participem de suas cruzadas. Como em qualquer religião, a Verdade lhe cabe completamente na palma das mãos, não restando espaço para a mínima dúvida. Como em todo sistema de crenças a Verdade é fortalecida pelas insígnias e pelos argumentos de autoridade em profusão. É preciso prestar reverência aos seus apóstolos, não deixar margem à dúvida e reconhecer a sacralidade de suas palavras.

Como diz Agamben, “Se essa prática cultural foi até agora, como qualquer liturgia, episódica e limitada no tempo, o fenômeno inesperado a que estamos testemunhando é que ela se tornou permanente e onipresente. Não se trata mais de tomar remédios ou de se submeter quando necessário a uma consulta médica ou a uma intervenção cirúrgica: toda a vida do ser humano deve tornar-se a todo instante o lugar de uma ininterrupta celebração cultural.”

Curiosamente, assim como Agamben fala do descaso com as doenças vasculares – que poderiam ser diminuídas caso o Estado obrigasse as pessoas a uma dieta saudável – a religião médica pouco se esforça no sentido de obrigar este mesmo Estado a tratar as causas da tuberculose, que a cada ano mata 1.5 milhão de pobres e subnutridos, em especial na África. Fica claro que esta religião parece se preocupar muito mais quando as doenças atacam brancos e de classe média.

Ainda Agamben: “No Ocidente moderno conviveram e em certa medida ainda convivem três grandes sistemas de crença: o cristianismo, o capitalismo e a ciência. Na história da modernidade, essas três “religiões” se cruzaram necessariamente em diversas ocasiões, entrando por vezes em conflito e em seguida se reconciliando de diversos modos, até alcançarem progressivamente uma espécie de pacífica, articulada convivência, quando não uma verdadeira e peculiar colaboração em nome do interesse comum.”

Leia o artigo completo aqui

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A Solidão do Desejo

Esta é uma metáfora antiga, e não sei qual sua origem exata. Talvez seja uma história do Lacan ou talvez do Contardo Caligaris contando a partir de um relato de Lacan, mas isso é menos importante.

Esta metáfora compara a relação sexual com um jogo de tênis entre duas pessoas unidas por um laço fantasmático de desejo. Entretanto, ao invés de uma rede a separá-los há uma parede sólida, a qual impede os jogadores de verem seus parceiros de jogo. Assim, cada um joga do seu lado do muro, atirando a bola contra ele e rebatendo… solitariamente.

Apesar da notável solidão, deixam-se guiar pelo som da bolinha que o parceiro joga contra a parede rígida e ambos dançam ao sabor dessa simetria sonora. Apesar de não se verem, reconhecem a existência do outro por detrás do muro, e jogam de acordo com o som que escutam e os movimentos que imaginam

Dessa forma, o que em verdade se constitui em dois jogos distintos e autônomos parece, ao observador desavisado, um jogo entre dois parceiros – concatenado e simétrico – de fina sintonia.

Eu escutei há muitos anos essa metáfora que explicava a “impossibilidade da relação sexual” mas que ao mesmo tempo ensinava ser a sustentação do desejo uma responsabilidade do próprio sujeito, a depender da sua capacidade de escutar a bolinha que bate na parede enquanto acompanha com seu jogo do lado de cá.

Não sei se essa narrativa é triste ou bonita, mas sempre acreditei ser profundamente pedagógica. Ela ensina que um encontro de amor é um encontro consigo mesmo, através do outro.

(A partir de uma conversa com Deia Moessa Coelho)

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Epistemicídio do Parto

Quando iniciei a atender partos de cócoras por estas bandas tal proposta era tratada como “parto de índio”. Colaborou para isso o fato de que o mestre Moyses Paciornik incentivava seu uso a partir da observação dos povos indígenas que mantiveram esta prática aqui no Brasil.

Todavia, o uso da expressão “índio” ou “indígena” era carregada de um preconceito óbvio e indisfarçável. Atender partos assim era aceitar a manutenção de práticas nativas que teriam sido suplantadas pelo rigor científico e metodológico que chegou aqui com os colonos brancos e europeus. Aceitar a posição de cócoras como uma postura materna válida para o período expulsivo significava a adoção de um paradigma já “suplantado”, que deveria ser abandonado como um anacronismo sem sentido.

É evidente – agora – que se tratava de um epistemicídio planejado, e a tentativa de garantir para a assistência branca e europeia uma narrativa hegemônica. Para mim ficou muito claro que agir em contraposição à prática submissa da litotomia (com a paciente deitada de costas na mesa) era também rebelar-se contra a monocultura do parto. Esta proposta era ofensiva aos olhos dos médicos daquela época, e todas as falácias eram usadas no sentido de tornar a postura de cócoras um absurdo e até uma violência.

Nunca tive dúvidas que adotar uma atitude contra-hegemônica seria difícil e passível de sofrer todo tipo de abusos e “bullying”, até porque mais do que tratar de uma manifestação cultural – como uso de medicamentos, rezas, rituais ou práticas esotéricas – o nascimento tem muitos outros significados ocultos, pois “implica, em um único evento, vida, morte e sexualidade”, como dizia Holly Richards. Apoiar a visão de pluralidade e diversidade no parto jamais poderia ser um ato impune.

Da mesma forma como a opção pelo modelo de parteria, o parto extra hospitalar, a homeopatia como alternativa primeira e até a abordagem da psicanálise, a mudança das “posturas de parir” visavam estabelecer uma barreira à homogeneização da assistência, uma contra narrativa que se opunha ao empobrecimento da compreensão de um fenômeno ímpar e subjetivo, carregado de elementos sexuais potencialmente transformadores.

Hoje em dia o reconhecimento da importância dessa variabilidade cultural já está mais presente, mas ainda é evidente a tendência da Academia e do ensino de obstetrícia para uma visão monolítica e fechada em suas práticas “científicas”. Entretanto, sem a compreensão do parto como evento SUBJETIVO e CULTURAL jamais teremos uma assistência plenamente satisfatória.

Veja mais sobre epistemicídios aqui.

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Xavecos

A ideia de “cantadas ruins” serve para transas ruins também. Está menos no outro e mais na receptividade do sujeito. Criamos teorias e regras, rotinas e protocolos tentando colocar validade na arte, mas o segredo reside na fantasia subjetiva, na sintonia que a palavra produz com nossas imagens internas, com o eco dos nossos desejos e fantasmas.

Lembrei da história de uma secretária do Pronto Socorro onde eu trabalhava no início da faculdade. Não tinha mais que vinte e poucos anos, era uma moça muito simples e bonitinha. Chegou na segunda feira no Pronto Socorro muito acabrunhada. Enquanto tomávamos nosso café no refeitório eu lhe questionei como foi o fim de semana.

– Um desastre.

Perguntei o que havia ocorrido e ela me descreveu o drama. Havia brigado com seu namorado cabeludo roqueiro porque ele era bruto, grosseiro, machista, violento e envolvido com drogas. Também mulherengo. Havia dado um basta nessa relação havia duas semanas.

Passados alguns dias aceitou o convite de um rapaz para irem a um barzinho conversar. Era um vizinho, trabalhador, conhecido de infância, estoquista num supermercado e que estudava administração à noite. Havia finalmente se declarado a ela ao saber do rompimento do seu namoro.

Assim fizeram. Todavia, a Deusa Álea – a Deusa dos fatos fortuitos – fez mais uma das suas travessuras. Durante o encontro, no barzinho lotado, apareceu o ex namorado. Furioso e indignado chega junto à mesa e, com o dedo em riste, iniciou uma rajada de acusações injuriosas. Logo se formou o bolo. As ironias iniciais deram lugar às ofensas mútuas entre os ex namorados. A tudo o amigo escutava tentando não se envolver, imaginando se tratar de uma questão que envolvia apenas os dois. No entanto o sarcasmo deu lugar às ofensas e essas deram espaço às ameaças explícitas. Foi quando o pretendente se levantou e disse ao cabeludo para que fosse embora, ou ele tomaria uma atitude.

Foi a deixa que faltava para a pancadaria começar. Rolaram sopapos, cadeiras na cabeça, socos, gritos estridentes, sangue no nariz e camisas rasgadas. A barbárie só terminou quando a polícia levou todo mundo para a delegacia onde passaram a noite.

– Lamento por você, disse eu. Você não merecia isso.

Ela fez uma expressão de desânimo e completou.

– Vou pedir demissão do Pronto Socorro. Não tenho mais clima para ficar nessa cidade. Conversei com ele e vamos morar na casa da sua madrinha no interior. Ela está vaga e vamos para lá ainda essa semana.

– Uma pena você ir embora. Vamos sentir sua falta.

Dei um abraço nela e me levantei da mesa do café para começar a trabalhar. Dei três passos em direção à porta e voltei a olhar para ela.

– Com quem você vai se mudar para o interior?

Ela deu um sorriso envergonhado e falou:

– Com o meu cabeludo querido, é claro…

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Vírus Maldito

Nosso erro reiterado: acreditar que o vírus é o nosso inimigo, que precisa ser destruído, porque é ruim e malévolo, dotado de uma consciência perversa que deseja nos destruir. Ele representa a desgraça e a crise que se abateu sobre nós. Mas, é certo que mais uma vez estamos olhando para o inimigo errado…

Antes foi a selva, os animais “perigosos”, as feras, as serpentes, as aranhas, as formigas assassinas, os tubarões e os mosquitos. Os rios que inundam, os furacões, as chuvas, a ventania e a seca. A natureza era a inimiga, que precisa ser controlada ou domada. Caso resistisse só nos restaria puni-la ou levar a cabo sua destruição.

Depois nosso ódio se voltou àqueles próximos à ela, os nativos, os indígenas, os povos originários. Os que tentam dialogar com ela sem a perspectiva do extermínio. É a sanha desenvolvimentista que a tudo deseja asfaltar, cimentar, ladrilhar, esterilizar.

A chegada da microbiologia, nos finais do século XIX se adapta maravilhosamente a uma ideologia anti-bios, contrária às outras formas de vida que, por definição, nos desafiam. Daí resultam os antibióticos, que destroem as vidas que nos ameaçam, enquanto as cidades avançam pelas matas com a mesma intenção, levando de roldão a vida e a diversidade biológica do planeta. Espécies inteiras são dizimadas, destruídas, aniquiladas. A vida perde, para o homem sorver, mais uma vez, a bebida inebriante da supremacia mortal.

Porém, é preciso ser justo; também quero me livrar desse vírus o quanto antes. Matá-lo até que não possa mais destruir tudo à sua volta. Todavia, não me refiro a estas minúsculas hélices de DNA que por hora se voltam contra nós, os humanos, em claro movimento de defesa contra as incessantes agressões.

Não, falo do vírus da ganância, do capitalismo, do modelo acumulador que ameaça nossa existência. Falo de nós mesmos, os humanos, infectados pelo consumo desenfreado e sem consciência ecológica. Falo do nosso desejo destrutivo de tudo abocanhar com nossa garganta infinita. Esse vírus que há muito nos acomete precisa ser destruído para que reste alguma esperança de sobrevivência para a nossa espécie, e para este pequeno planeta azul.

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Lost in translation

Há alguns anos eu fazia uma palestra num seminário para enfermeiras obstétricas em Beijing na China sobre pré Natal normal. Lá pelas tantas falei que se esperava “um aumento de pelo menos 9 kg para as gestantes em gestações eutócicas e sem nenhum transtorno”.

Como sempre, falei as poucas palavras e aguardei a tradução. Naquele congresso não estava minha tradutora oficial, Hanna Zhao, mas uma jovem chinesa que eu ainda não conhecia. Depois que ela traduziu minha fala escutei um “ohhhhhh!!!” em uníssono, seguido de risos contidos e sussurros, correndo por entre os assentos do enorme e moderno salão de conferências. Olhei para a minha tradutora e ela apenas me devolveu um sorriso constrangido.

Terminei minha palestra e fui procurar os amigos para tomar um chá durante o intervalo. No meio da multidão de enfermeiras miudinhas escutei uma voz me chamando freneticamente.

Era a minha tradutora. Estava acompanhada de minha amiga Meng Xu da escola de parteiras. Levava a mão à boca e tinha os olhos vermelhos. Perguntei o que havia ocorrido e ela, com a voz embargada, me explicou.

– Desculpe Dr. Ricardo. Eu me enganei. Por isso a reação das enfermeiras. Eu não sou da área da saúde, mas agora a professora Meng me explicou o que houve. Eu disse a elas que as crianças no seu país nasciam com no mínimo 9 kg de peso!! Eu não havia entendido que era o aumento de peso das mães!!! Desculpe, desculpe!!!

Disse a ela que não se preocupasse que eu explicaria na minha próxima fala. Mas até hoje imagino que alguma enfermeira chinesa pode andar espalhando por aí que as brasileiras têm pererecas gigantes capazes de parir crianças de até 9 kg…

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Os Heróis da Capa da Revista

Que absurdo.

Essa “babação de ovo” para a corporação é tremendamente ridícula e injusta com o contingente MUITO MAIOR de enfermeiras, obstetrizes, doulas, técnicas de enfermagem e do pessoal de apoio (limpeza, motoristas, porteiros, etc) que trabalharam – muitos com o sacrifício da vida – nessa pandemia. Sim, os médicos se sacrificaram também, mas não mais que os policiais todos os dias, os bombeiros, os lixeiros, os salva vidas, os eletricistas, os funcionários que colocam cabos de telefonia etc. Não há porque chamar de heróis aqueles que cumprem sua função com dignidade e honestamente.

Nem preciso falar sobre o apoio institucional e disseminado ao golpe de 2016 entre os médicos, o que os torna responsáveis pela agressão à democracia e a eleição de Bolsonaro.

Fica evidente que por trás disso está a exaltação politiqueira do Mandetta, um médico cuja vida foi dedicada à desvalorização do SUS e SÓ POR ISSO foi escolhido pelo Bolsonaro para liderar a pasta da saúde. Ele não é herói de nada, não passa de um ex-bolsonarista que tenta limpar seu currículo cuspindo (agora) no prato onde comeu.

Tudo isso para lançar um nome da direita limpinha para 2022.

PS: esse post não é para desvalorizar o importante trabalho dos médicos, mas para ressaltar a injustiça de premiar um grupo em detrimento dos outros profissionais – tão ou mais importantes.

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Cacarecos

Que tal um Natal com poucos cacarecos?

Pensem bem antes de dar presentes em festas comerciais!! No fim das contas pode sair muito caro. O stress, a exposição ao vírus, o custo inflacionado dos brinquedos a (in)utilidade do presente, etc. Será mesmo que vale a pena tanto esforço em troca de um carinho que pode ser recebido com a simples presença e a comunhão?

Não esqueça que o presente verdadeiro nessa negociação capitalista é o impacto no sujeito causado pela fugaz gratidão infantil. Ela dura poucos minutos e depois o apetite de afeto das crianças exigirá mais presentes, e assim indefinidamente. O desejo é infinito, os recursos não…

Meu conselho é que sejam fortes e resistam à pressão. Crianças que recebem presentes demais tornam-se insensíveis às coisas, aos objetos. É uma adição como qualquer outra; depois de um certo tempo só doses mais fortes conseguem produzir a endorfina necessária para o disparo da onda de prazer.

Não usem as crianças como lenitivos para seus traumas infantis. Graças às inúmeras faltas da infância é que desenvolvemos o desejo de conquistar algo mais na vida. “Toda conquista se faz a partir dos escombros de um fracasso”. Não permita que seus traumas prejudiquem seus filhos e netos. Acreditem no potencial deles em desenvolver criatividade, alegria e sucesso sem a necessidade de acumular coisas.

O Natal é o melhor momento para ensinar as crianças como suportar a frustração consumista.

Tenham todos um Feliz Natal com pouca coisa…

Veja outro post meu aqui

… e leia mais sobre o tema aqui

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