As cobras

Eu entendi o sentido da frase, e a importância de não insistir em relações fracassadas e tóxicas. Porém, gostaria de fazer uma análise um pouco mais além. Bem, é da essência da cobra lhe morder. Quando falamos dos bichos, esse limite instintual é determinante. Todavia, quando falamos de gente, a história muda um pouco de figura. Se você realmente acredita que as pessoas que lhe magoaram o fizeram porque a maldade está em sua “essência” – e não no emaranhado caótico de circunstâncias e contextos que produzem um encontro de almas – então a busca pelas razões e pela compreensão das causas é mesmo inútil.

Entretanto, se o crime não for algo da constituição mais primitiva do sujeito, então será algo da sua trajetória e dos contextos da vida que o fizeram “morder” alguém que não merecia. E se for este o caso, então a busca pelas razões do algoz se justifica, porque só entendendo seus impulsos mais profundos para o crime será possível combatê-los. Quando estamos diante de um criminoso, seja ele um assassino contumaz ou a criança que riscou as paredes do quarto com giz de cera, o entendimento de suas motivações é a chave para evitar a repetição dos delitos. Jamais o entendimento pleno das estruturas causadoras de um mal ou de uma catástrofe poderá ser considerado negativo; da mesma forma, o desconhecimento dos motivos do outro nunca será positivo para a solução de conflitos.

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