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Ciência

A solução está nos antibióticos? Mesmo? Fica então a pergunta: antes da penicilina como essas bactérias eram eliminadas? Todas as pessoas afetadas por infecções iam a óbito? E quais as razões para uma morrerem e outras sobreviverem? Quem – ou o quê – determina isso?

Minha inconformidade com esta imagem é que ela nos leva a pensar que APENAS A CIÊNCIA – experimental tecnológica e exógena – salva vidas. A proposta é essencialmente positivista, dando a entender que bacterias são destruídas apenas com “fungo de laranja” (Penicillium notatum), quando na verdade elas são destruídas – desde antes da existência do nosso gênero – por um sistema imunológico adequado e funcional. Assim, quando você mostra a penicilina se contrapondo às orações está colocando somente alternativas cuja dualidade é FALSA, pois muito mais importante do que AMBAS é o que o sujeito faz no seu processo dinâmico de autocura e homeostase, e pelos seus próprios mecanismos internos de regulação.

Pior ainda, aposta na ideia de que APENAS A intervenção tecnológica pode ser chamada de “ciência”, quando em verdade os estudos que demonstram as ações da meditação e oração também são Ciência – inobstante o quanto acreditamos em sua validade e/ou abrangência.

Humildade produz sabedoria. Ciência salva vidas, mas não apenas a ciência capitalista. Aquela que te ensina a ter um sistema imunológico forte, sem destruir o corpo com elementos “anti vida”, também.

Matéria recente do Correio Braziliense:

“Ao lado da ciência: O pneumologista Blancard Torres, titular do Departamento de Medicina Clínica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e autor do livro Doença, fé e esperança, não tem dúvidas: o paciente que tem fé incorpora em si a certeza da recuperação, aumentando a imunidade e as chances de resposta positiva ao tratamento. “Quando a ciência e a religião andam juntas, o combate aos males torna-se viável, a evolução do tratamento é completamente diferente do padrão observado em quem não têm espiritualidade, não acredita em bons resultados”, observa. (…)

(…) Koenig coordenou uma pesquisa realizada com 4 mil pessoas com idade acima de 60 anos que seguiam diferentes credos. O resultado do trabalho demonstrou que a fé também proporciona uma vida mais longa. Seis anos depois de começado o estudo, foi verificado que menos da metade dos indivíduos que não tinham uma crença religiosa estava viva. “Em contrapartida, 91% dos seguidores de alguma religião permaneciam saudáveis”, garante o americano.”

PS: Uma ressalva da minha parte: rezar não tem necessariamente NADA a ver com religião, mesmo que todas elas usem das orações em sua prática. Portanto, não se trata da ilusória união entre “ciência e religião” (para mim inconciliáveis, pois uma trabalha com a projeção e a outra com a realidade, uma com o desconhecido e a outra com o conhecimento) mas a abrangencia da metodologia científica sobre fatos até então do domínio exclusivo das religiões.

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Bactérias do Bem

Minha colega Ana Cristina Duarte escreveu:

 “Ao que parece, a ciência está apontando para o grande e maior problema das cesarianas: o fato de não haver colonização imediata do bebê pelas bactérias do canal de parto. A ausência dessas bactérias no momento do parto traz repercussões para o resto da vida, desde obesidade, doenças autoimunes, entre outros. A outra linha de pesquisa é para o parto como o evento que liga o sistema hormonal do bebê, no eixo hipotalâmico. Estamos, no Brasil, recebendo uma nação de bebês que virarão adultos com doenças crônicas. O sistema privado já pode começar a contabilizar os lucros”.

Eu adiciono:

Em Orlando, há muitos anos, tive a oportunidade de conversar com o professor Hanson da Universidade de Gotemburgo – Suécia, a respeito da importância fundamental das bactérias para a adequada proteção do recém-nascido no pós parto imediato(1). Ele ficou fascinado com os vídeos que mostrei de partos na posição de cócoras porque dizia que esta posição facilitava que os bebês fossem adequadamente “contaminados” pelas “entero-bactérias do bem” que vivem no ambiente intestinal materno. A presença dessas bactérias na pele estéril do bebê tão logo ele nasce confere uma especial proteção de microrganismos anaeróbicos que impedem a colonização por bactérias danosas que habitam o ambiente hospitalar (estreptococus, estafilococus, pseudomonas, etc.). Outra razão para não dar banho no bebê quando ele está no hospital aguardando a alta: manter o “manto protetor” de vérnix, líquido amniótico e bactérias maternas que o envolvem e protegem. Assim sendo, a presença de bactérias maternas é fundamental para proteger o bebê de infecções! Imaginem quanto tempo perdemos acreditando que a suprema esterilização (e os ridículos enemas que realizamos na admissão do hospital) era benéfica para o parto. A presença dessas bactérias na colonização intestinal dos recém-nascidos é importante para o seu desenvolvimento saudável.

Para além dessas descobertas, agora sabemos que o leite materno não é estéril, e que contém mais de 700 tipos de bactérias. Como dito acima, sabemos cada vez mais da importância de um equilíbrio adequado da flora intestinal para a saúde de crianças. A preservação do parto normal e da amamentação, para além das questões fisiológicas, emocionais, psicológicas e clínicas, precisa ser analisada também como a mais completa forma de prevenção de doenças. Negligenciar, como temos feito nas últimas décadas, a sua preponderância como elemento preventivo de enfermidades, apostando na suprema cafonice de endeusar a tecnologia sobre os eventos fisiológicos e naturais, pode ser um passo decisivo em direção à extinção do homo sapiens.

(1) Hanson, L.A. Immunobiology of human milk:  How breasfeeding protects babies. Göteborg: Pharma­soft Publishing, 2004. 

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