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Drogas

A paixão das pessoas por drogas – ilegais ou prescritas – é algo que me assombra. Não se trata apenas dos efeitos da “propaganda” e a pressão capitalista da indústria; para além disso se trata de uma vinculação muito mais profunda, inconsciente e, por isso mesmo, muito mais violenta. As pesquisas apontam que nos Estados Unidos a geração “Y” – os “millenials”, nascidos dos anos 80 até o início dos anos 90 – usa em média uma droga prescrita por dia. Isso é um contingente gigantesco de pessoas literalmente drogadas, que financiam uma indústria cada vez mais poderosa. Sem falar da epidemia de metanfetamina, onde ocorreu um aumento de 170% de 2015 para 2019. No ano de 2001 o número de mortes associadas ao uso de Metanfetamina e Fentanyl ultrapassaram a faixa de 110 mil por ano. A maioria dessas mortes está entre os jovens.

Hoje em dia, no que diz respeito à saúde, a atitude mais desafiadora e poderosa que as pessoas podem ter é fugir do modelo drogal e aditivo da medicina contemporânea. Isso não significa desprezar médicos e medicamentos, mas estabelecer limites bem restritivos para seu uso. Para mudar essa tendência será necessário fazermos uma reeducação das pessoas, uma reformatação das nossas atitudes diárias e uma mudança radical em nossos valores. Para isso sugiro algumas atitudes simples iniciais:

Não use nenhuma droga, a não ser que seu uso seja a única solução possível para sua cura ou para a melhora de um sintoma considerado insuportável. Não cite nome de drogas em casa. Não comente sobre remédios, em especial na frente dos seus filhos pequenos. Combata diariamente a normalização do uso de remédios. Diga não à banalização dos medicamentos, consumidos como se fossem balas ou biscoitos. Dissemine a ideia de que não existem drogas 100% seguras (mais de 3 mil pessoas morrem por ano nos Estados Unidos pelo uso contínuo de…. aspirina). Não crie a expectativa de que a solução dos seus problemas se encontra no uso de substâncias químicas; na maioria das vezes o enfrentamento dos problemas de forma adulta e madura é muito mais consistente. Questione a origem dos seus males: da sua pressão alta, da sua dor de cabeça, de suas dores lombares, dos seus transtornos digestivos, da sua falta de ar. Muitas vezes existem hábitos inadequados que precisam ser modificados, e quase sempre há um desarranjo emocional e afetivo atrás do sofrimento físico que experimentamos “Doença se forma a partir de algo que não foi dito”, já diziam os analistas.

Romper o vício da drogadição não é tão somente uma tarefa pessoal, mas igualmente social. É preciso romper o estímulo à alienação que as drogas (legais e ilegais) produzem no sujeito. É necessário igualmente combater os desencadeantes que existem no capitalismo que induzem ao uso abusivo de medicamentos. Por fim, é urgente a criação de uma sociedade nova, regenerada, que não acredite em solução embaladas e prescritas, mas que lute por solução pessoais e coletivas para os nossos sofrimentos.

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Publicidade e Medicina

É surpreendente a confusão que as pessoas (inclusive, e principalmente, os médicos) fazem entre “ciência”, “progresso”, e uso irrestrito de tecnologia para o tratamento de doenças – ou sua prevenção. Parece que perdemos a capacidade de raciocinar de forma isenta. Muitos ainda analisam a ciência como um ente objetivo, infensa às flutuações culturais do seu tempo, sem sofrer as pressões brutais do capitalismo que, em última análise, a mantém, financia e controla. Um exemplo disso é a reação pífia de médicos e da população em geral diante da recente retirada de circulação da vacina da AstraZeneca. “De um total de 40 casos prováveis e confirmados de Síndrome de Trombose com Trombocitopenia distribuídos por dose de vacina para covid-19, notificados no e-SUS Notifica Brasil (excluindo-se São Paulo), 34 foram atribuídos à vacina da AstraZeneca”. Aliás, essa foi a vacina que eu tomei, de cujo risco jamais fui alertado.

Já pararam para pensar o que aconteceria com o pobre mortal que resolvesse questionar a segurança dessas medicações há….. apenas 2 anos? O que aconteceu com quem teve a coragem de perguntar: “Essa medicação foi adequadamente testada?”. Não precisa imaginar; existem milhares de exemplos de “bruxos” queimados nas fogueiras por ousarem desafiar as verdades inquestionáveis da BigPharma – transformadas em “ciência isenta”. Os que ousaram fazer perguntas inconvenientes foram aqui chamados de “Negacionistas!!!!“, ou rechaçados aos gritos de “Bolsonarista, vá tomar Cloroquina seu idiota!!” Criamos uma tal polarização no debate sobre medicamentos que a análise racional foi impiedosamente sepultada, completamente consumida pela dualidade irracional que se formou. Pessoas como eu – de esquerda mas também radicalmente céticas em relação ao compromisso ético das corporações farmacêuticas – eram impedidas de comentar, pois corriam o risco de serem espancadas – e por ambos os polos digladiantes.

“As empresas farmacêuticas gastam US$ 480 bilhões todos os anos” (quase meio trilhão de dólares). “Desse valor, 5% vão para pesquisa e desenvolvimento; os outros 95% são gastos em marketing. Há muito interesse próprio trabalhando nos bastidores para criar novos distúrbios e disfunções, medicalizando a vida cotidiana, retratando problemas leves como sérios, ampliando os limites do diagnóstico, criando ferramentas de avaliação extensas e corrompendo a pesquisa médica”. (veja o artigo completo Med Men aqui)

… e destruindo a reputação de pesquisadores do mundo inteiro que ousam perguntar sobre a segurança e a efetividade das drogas que somos forçados a usar.

Impossível olhar para a ação predatória dessas gigantes multinacionais da BigPharma e não imaginar a cena da chegada dos navegadores europeus em terras do Novo Mundo, no final do século XV. Era de se imaginar que a reação mais natural por parte de quem os recebia seria a desconfiança. Afinal, por que haveriam eles de oferecer presentes sem exigir algo (valioso) dos nativos? E por que deveria esta troca ser justa, se os forasteiros aqui chegavam com suar armas, seus germes e seu aço enquanto os indígenas estavam vestidos apenas com sua ingenuidade, seu assombro e sua nudez? Por certo que entre os nativos algum deles questionou: “Será mesmo seguro receber por aqui gente tão estranha? Será que o que trazem é verdadeiramente algo de bom para nós?”

Entretanto, por certo que estes últimos não foram ouvidos. Enquanto eles falavam os outros se embeveciam com os badulaques, espelhos e contas presenteadas pelos viajantes, hipnotizados e embriagados pelo brilho fulgurante das novidades, as quais obliteravam a percepção completa da realidade. É provável que aqueles que alertaram para os perigos do contato com os europeus foram imediatamente tratados com rudeza, e até mesmo violência. Hoje, o modelo de publicidade das farmacêuticas americanas leva o consumidor de lá a ver as drogas como mais um artefato de consumo, como sapatos, armas, carros e bijuterias, mas poucos são os que se dão conta da armadilha na aventura das drogas. E o pior: trazem para cá como se fossem a “última moda em Nova York”. E nós, ingenuamente, compramos…

“Os fabricantes de dispositivos organizam ou alugam estandes em conferências, onde envolvem os principais líderes de opinião (pagando) médicos famosos em suas áreas para falar e recomendar seus produtos; os fabricantes também tratam compradores em potencial com jantares luxuosos, sacolas de brindes e preços promocionais que tornam os procedimentos mais lucrativos ao longo do tempo.”

Oferecer o status de ciência à empresas capitalistas multinacionais que lucram com diagnósticos cada vez mais forçados (muitos deles criados apenas para favorecer a venda dos remédios) e com o consumo das drogas que elas próprias vendem é um erro que pode ter efeitos devastadores para a humanidade. Segundo a professora da Universidade Georgetown Professor Adriane Fugh-Berman sobre o tema da criação de enfermidades, “O marketing de medicamentos pode começar de sete a dez anos antes de chegarem ao mercado. Como é ilegal promover um medicamento antes de ele ir para o mercado, o que eles estão promovendo é a doença. Isso não é ilegal porque não há regulamentação sobre a criação de enfermidades.” Em 12 anos os Estados Unidos pularam de 3.6 bilhões em publicidade de drogas para 32.7 bilhões, um acréscimo de quase 1000% no montante dispendido, uma estratégia cada vez mais agressiva para que essa “pílula” seja mais fácil de engolir. Mais interessante é ver que a maioria das drogas prescritas – quase 70% delas – 92 das 135 drogas mais populares – são aquelas consideradas como pouco efetivas. Ou seja: a propaganda de medicamentos nos faz comprar lixo, ou pílulas de baixo efeito para a melhoria da saúde, mas que oferecem alta lucratividade para os mercadores de drogas.

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Comunidades

Publiquei em outros lugares esta minha breve análise sobre vida em comunidade mas acredito que possa ser pertinente expandir o debate para mostrar o que realmente significa “viver em comunidade”. Minha motivação foi o fato de morar há 3 anos em uma comunidade, ter visitado comunidades como Osho Rashana e Findhorn (em Inverness na Escócia), e por ter lido esse post, que é uma bela provocação. Minha intenção é mostrar o quanto do que está escrito nele é profundamente fantasioso e idealista.

De uma forma geral as comunidades são empreendimentos de altíssimo risco. Quando me perguntam se é difícil uso o mesmo argumento para abordar o problema do “trissal“: se já é um terror com duas pessoas, imagine adicionar 50 pessoas no projeto.

Antes de abordar o sonho de criar uma vida comunitária é forçoso saber que existem 5 grandes fatores de dissolução de comunidades, a saber:

1. Comida. O tipo de alimentação é muito importante em especial nos grupos cuja motivação congregacional – também chamada “cola” – é religiosa. Mesmo em grupos pequenos o convívio de um churrasqueiro com grupos veganos pode se tornar insuportável. Também algumas restrições ligadas à religião, como carne de porco e crustáceos podem ser motivo de atrito. Na maioria das vezes a questão é vegetarianismo e carnivorismo, geralmente um “osso duro de roer”.

2. Religião. Não exatamente as crenças, normalmente bem toleradas, mas suas práticas. Isso até mesmo é importante em vertentes diversas dentro de uma mesma religião, como xiitas e sunitas, católicos e protestantes. Ateus e suas práticas niilistas em geral são mal tolerados. Satanistas são festeiros e em geral são gente boa, mas quem aguenta alguém dizendo “Deus é uma mera criação humana” todos os dias, ou “Onde está teu Deus agora?”.

3. Animais domésticos. Esses conflitos são terríveis em comunidades, e basta ver as brigas em condomínios de apartamentos para ver o quanto uma comunidade sem muros pode produzir atritos e até dissoluções por gatos, cães, galinhas, passarinhos, coelhos, etc. Os cachorros largam pelo, os gatos dão alergia, galos cantam ao alvorecer, galinhas cacarejam e, para piorar, as “mães e pais de pet” tem tolerância zero com atitudes é palavras grosseiras dirigidas aos seus filhos.

4. Drogas. Sim, mas qualquer droga, da caipirinha às metanfetaminas, passando por maconha e ópio. Até café, chá e Coca-Cola podem ser motivo para disputas, dependendo se houver mórmons na comunidade. Maconha é o uso mais frequente depois do álcool e cigarros, e todos são potencialmente conflituosos. Gente passada no álcool ou “muito loucos” destroem uma comunidade em minutos.

5. Conflitos pessoais. Nem precisa pressionar muito a imaginação para perceber o quanto a proximidade em uma vida comunitária estimula conflitos. Basta ver namorados que nunca brigam, mas bastou viverem juntos para que os enfrentamentos apareçam e tornem a vida de ambos insuportável. Coloque num caldeirão vários indivíduos com traumas, tristezas, vivências e valores diversos e a chance de sair uma sopa bem azeda é enorme. Além disso, ninguém conhece suficiente bem alguém antes de conviver com ele e suportar os choques inevitáveis do cotidiano.

Em suma, como diria León Tolstói em Anna Karenina, “Todas as famílias felizes são iguais; as infelizes o são cada uma à sua maneira“. Da mesma forma as comunidades que perduram são iguais em sua tolerância às diferenças e pela manutenção de uma cola unificadora firme e persistente. São caracterizadas por resiliência e respeito aos modos de cada família, estabelecendo regras e muros sólidos para evitar que conflitos perdurem mais do que o suportável. Já as comunidades que fracassam o fazem cada uma à sua maneira específica, que pode ser através de qualquer um dos elementos mais frequentes listados acima ou por fatores absolutamente únicos. As tragédias, como bem o sabemos, tem seu curso variado, insidioso, silente e muitas vezes imperceptível.

É claro que a pessoa que publicou este post o fez por puro humor. Criou uma situação idílica onde todos seriam felizes juntos, tão irreal quanto o “viveram felizes para sempre” que encerrava as histórias de príncipes e princesas nos contos de fadas. Entretanto é bom ter em mente que a salada de valores e projetos que consta no texto levaria muito facilmente o projeto a um retumbante fracasso – e num curto espaço de tempo. Em verdade, a estatística sobre o tema é bem clara: apenas uma de cada dez comunidades que se iniciam prospera. As outras todas sucumbem, muitas vezes deixando um rastro de ressentimento e decepção para trás.

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O nome da doença…

Os Estados Unidos é um país de drogados, mas essa catástrofe não surge pela aparição mágica de uma geração de degenerados. Pelo contrário; ela vem sendo fomentada há mais de um século e se agudiza pelas crises do capitalismo, tão inevitáveis quanto previsíveis. O nome da doença é capitalismo, o sintoma é a pandemia de mortes por abuso de drogas.

A indústria farmacêutica, ao vender a ideologia da solução exógena para os dilemas da alma, oferece a solução simples das drogas: da aspirina ao “cristal meth”, próteses para ocupar os buracos do nosso desejo insatisfeito.

Não há solução punitivista ou coercitiva para a endemia da drogadição. A única forma de tratar efetivamente esta ferida é entendê-la como o paliativo que usamos para acalmar nossas dores, e a solução só pode estar na construção de uma sociedade mais justa e equilibrada, longe da miséria humana do capitalismo.

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Para onde correr?

A crise acabou fazendo a esquerda aplaudir Dória, agradecer a Máfia da BigPharma, abraçar a Globo e votar no Baleia. Espero que tenhamos a capacidade de reconhecer o significado dessas escolhas e não as consideremos naturais. A sociedade agora abraça o “progresso” medicamentoso e abre “os braços” (para não dizer outra coisa) para as multinacionais de drogas, confundindo oportunisticamente “droga” com “ciência”, como se estas empresas não fossem – no dizer de Peter Gotzsche – a perfeita definição de “Crime Organizado”.

A Pfizer, entre outras, tem uma longa ficha de crimes cometidos contra a saúde pública, tendo pago a maior indenização da história por seus delitos. Mas… ai de quem ousar questionar nossas salvadoras!!! Ao inferno com quem meramente questionar os “cientistas”.

Essa exaltação acrítica dos “pesquisadores” sem a devida contextualização sempre foi desastrosa na história. Tomar decisões com base no desespero, aceitando “qualquer coisa” para votar à “vida normal”, também.

“Não é o momento de criticar, isso se vê depois. Precisamos de uma esperança”, dizemos nós, de joelhos.

Na atual polarização política mundial o esquerdista padrão aceita bovinamente o controle das nossas vidas pela máfia das drogas, enquanto o reacionário nega qualquer avanço, chamando-o de “globalismo”. Para onde correr?

“Ah, cara… para de ser chato. Precisamos de algo para acabar com essa pandemia!!”. Claro, “punch 2”, certo? Questionar o que nos trouxe até aqui é como procurar a chave no lugar em que ela verdadeiramente se perdeu, mas onde é sempre muito mais escuro.

Veja mais sobre os crimes da Pfizer aqui e sobre problemas importantes de sua vacina aqui.

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À Esquerda

Estas são as “acusações” que a direita faz à esquerda: aborto, drogas e soltura de presos…….. mas qual a dúvida de que estas são três pautas que devemos MESMO apoiar?

A descriminalização do aborto é uma pauta de URGÊNCIA para salvar vidas de mulheres (pobres, claro) que recorrem aos abortos clandestinos, arriscando suas vidas. Sabemos como as mulheres ricas têm acesso a clínicas caras e sofisticadas, mas esta é a razão pela qual os abortos na parcela menos favorecida da sociedade são um grave problema de saúde pública.

O garantismo e o desencarceramento da mesma forma, pois prender jovens (negros e pobres, que surpresa) de NADA adianta e não diminuiu em nenhum lugar do mundo as taxas de criminalidade. Prisões são lugares infectos e fábricas de criminalidade. Abolicionismo penal é uma necessidade social e um avanço civilizatório. Abrir as prisões – e só manter lá quem atenta contra vidas – é um passo fundamental para produzir avanço social e justiça.

Por último, o que dizer da descriminalização das drogas??? E não precisa sequer ser comunista como eu para se entusiasmar, basta ser capitalista como os americanos, onde maconha não é crime e se tornou negócio rentável. Essa é uma atitude simples para acabar com a mortandade de jovens nas periferias, e não tem nada a ver com a esquerda, mas com direitos humanos básicos – uma pauta bem liberal.

Liberação das drogas, sim;
Abolicionismo penal, por certo e
Aborto livre pelo SUS…. mas é claro que os moralistas, os anacrônicos e os fascistas não estão prontos para esta conversa.

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Punitivismo

Responda aí: quanto diminuiria de tráfico e consumo de drogas se traficantes fossem presos? Que diferença faz para a sociedade tirar a liberdade de alguém? Quanto diminuiria o consumo de drogas se todos os traficantes fossem para a cadeia?

A resposta é simples: NADA. O punitivismo não produz NENHUM resultado em médio e longo prazos, e existem comprovações claras disso, basta olhar para os Estados Unidos que tem o maior comércio de drogas do planeta e mais de 2 milhões de encarcerados (a maioria, como no Brasil, por delitos ligados às drogas).

No dia seguinte às prisões de todos os traficantes as vagas seriam imediatamente ocupadas por outros “empreendedores”, que é exatamente o que acontece em todas as prisões de chefões do tráfico. Muito cedo tudo se normaliza e o “02” ocupa o lugar do chefão. Nunca se comercializou tanta droga e nunca se prendeu tanto traficante.

Não digo que ações coercitivas não devem ser usadas, mas a crença arraigada de que medidas duras – de prisões a granel às penas de morte – produzem algum benefício não tem respaldo científico e geram barbárie, apartheid social e genocídio, e jamais ordem e/ou desenvolvimento

A ideia de que traficantes presos produziriam alguma vantagem para nós é uma fraude, uma mentira e um engodo. Punir, botar na cadeia, mandar matar são ações INÓCUAS. Nenhuma sociedade se transformou punindo meliantes e marginais. Todas que tiveram esse sucesso civilizatório combateram o crime na fonte, ao criar emprego e oportunidades, através do princípio da justiça social. Enquanto houver iniquidade, miséria e desejo de consumir droga este comércio vai vicejar.

E lembre: consumo de drogas é sintoma de uma sociedade doente e não a causa do seu desequilíbrio. Essa doença é o capitalismo

sou – e sempre serei – contrário ao punitivismo, contra a ideia de que botar gente na cadeia soluciona alguma coisa. Prender o preto e o pobre não funciona tanto quanto não funciona prender o rico; É INÚTIL. Todavia, não resta dúvida que nossa justiça é racista e classista, mas de nada adianta cometer os mesmos erros com os grandes traficantes, quando o certo seria não cometê-los contra ninguém.

Em geral quando debatemos a impunidade do “colarinho branco” existem DOIS problemas que podem estar misturados. Um deles é o punitivismo, a ideia sem embasamento científico algum que uma sociedade que pune, prende e manda matar é uma sociedade mais justa ou equilibrada. Nada poderia ser mais distante da verdade. O outro problema é a seletividade da justiça, o racismo e o apartheid social que aparecem de forma clara nos julgamentos e prisões brasileiras. Confundir isso é um ERRO.

Sim é DUPLAMENTE errado ser racista e ser punitivista, mas não é porque pretos e pobres são presos que devemos estender esse erro para TODA a população, com a falsa ideia de que dois erros produzem um acerto.

Abolicionismo penal JÁ!!

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Vícios

Uma pergunta que se faz necessária: se o indivíduo for impedido – química ou cirurgicamente – de desenvolver seu vício em crack, cocaína ou outro psicotrópico, qual outra droga ele vai eleger para completar o vazio ilusoriamente preenchido pelas substâncias das quais fazia uso?

Não esqueçam que uma margem grande dos pacientes de bariátrica desenvolvem algum tipo de adição ou transtorno psiquiátrico sério quando o vício de comer não pode ser satisfeito. O aumento dos casos de suicídio chega a 58% segundo alguns estudos.

Até quando vamos olhar para a consequência (o vicio) ao invés de reconhecer a causa (o trauma) para elucidar a longa e complexa tessitura da adição?

“Fatores como autoimagem corporal, traços de personalidade e presença de compulsão alimentar prévios à intervenção, dentre outros, têm sido implicados na evolução e no prognóstico desses pacientes”, completa Sallet. Entre os problemas, está o aumento do transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP), complicação mais recorrente nos pacientes da cirurgia.

Por outro lado, o médico diz que, em alguns casos, é possível que condições psiquiátricas prévias se agravem, ou até mesmo novas doenças surjam após a cirurgia.

“Provavelmente, essas novas patologias são resultantes de fatores como necessidade de adaptação psicossocial à nova condição e de alterações psíquicas decorrentes de déficit nutricional”, detalha Sallet. Segundo o estudo, de 20% a 70% das pessoas que procuram a cirurgia têm histórico de transtornos mentais.

Os autores do trabalho brasileiro citam outro estudo, feito em 2007 por pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, que ilustra a incidência de mortes entre pessoas que passaram pela cirurgia. Segundo os americanos, mortes associadas a acidentes e/ou suicídio são 58% maiores em indivíduos no estágio pós-cirúrgico quando comparados aos que não fizeram a operação — isso sem contar os óbitos associados a comportamentos impulsivos, como bulimia e acidentes de trânsito. A maior parte dos suicídios se deu após apenas um ano da intervenção.”

Veja mais aqui

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Ciência

A solução está nos antibióticos? Mesmo? Fica então a pergunta: antes da penicilina como essas bactérias eram eliminadas? Todas as pessoas afetadas por infecções iam a óbito? E quais as razões para uma morrerem e outras sobreviverem? Quem – ou o quê – determina isso?

Minha inconformidade com esta imagem é que ela nos leva a pensar que APENAS A CIÊNCIA – experimental tecnológica e exógena – salva vidas. A proposta é essencialmente positivista, dando a entender que bacterias são destruídas apenas com “fungo de laranja” (Penicillium notatum), quando na verdade elas são destruídas – desde antes da existência do nosso gênero – por um sistema imunológico adequado e funcional. Assim, quando você mostra a penicilina se contrapondo às orações está colocando somente alternativas cuja dualidade é FALSA, pois muito mais importante do que AMBAS é o que o sujeito faz no seu processo dinâmico de autocura e homeostase, e pelos seus próprios mecanismos internos de regulação.

Pior ainda, aposta na ideia de que APENAS A intervenção tecnológica pode ser chamada de “ciência”, quando em verdade os estudos que demonstram as ações da meditação e oração também são Ciência – inobstante o quanto acreditamos em sua validade e/ou abrangência.

Humildade produz sabedoria. Ciência salva vidas, mas não apenas a ciência capitalista. Aquela que te ensina a ter um sistema imunológico forte, sem destruir o corpo com elementos “anti vida”, também.

Matéria recente do Correio Braziliense:

“Ao lado da ciência: O pneumologista Blancard Torres, titular do Departamento de Medicina Clínica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e autor do livro Doença, fé e esperança, não tem dúvidas: o paciente que tem fé incorpora em si a certeza da recuperação, aumentando a imunidade e as chances de resposta positiva ao tratamento. “Quando a ciência e a religião andam juntas, o combate aos males torna-se viável, a evolução do tratamento é completamente diferente do padrão observado em quem não têm espiritualidade, não acredita em bons resultados”, observa. (…)

(…) Koenig coordenou uma pesquisa realizada com 4 mil pessoas com idade acima de 60 anos que seguiam diferentes credos. O resultado do trabalho demonstrou que a fé também proporciona uma vida mais longa. Seis anos depois de começado o estudo, foi verificado que menos da metade dos indivíduos que não tinham uma crença religiosa estava viva. “Em contrapartida, 91% dos seguidores de alguma religião permaneciam saudáveis”, garante o americano.”

PS: Uma ressalva da minha parte: rezar não tem necessariamente NADA a ver com religião, mesmo que todas elas usem das orações em sua prática. Portanto, não se trata da ilusória união entre “ciência e religião” (para mim inconciliáveis, pois uma trabalha com a projeção e a outra com a realidade, uma com o desconhecido e a outra com o conhecimento) mas a abrangencia da metodologia científica sobre fatos até então do domínio exclusivo das religiões.

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A baura tá na mão

Fico aqui me perguntando porque não tratar o uso de cannabis com o mesmo viés crítico de qualquer outra droga. O que está sendo dito hoje em dia sobre a maconha tem a mesma marca de exagero e ufanismo que já vi sobre muitas outras coisas – e também remédios. Da cura do Parkinson, passando pelo câncer, pela artrite reumatoide e pela sua atividade ansiolítica.

A idéia de que a “solução está lá fora“, em uma droga, um aparelho, no dinheiro ou em uma pessoa é muito sedutora e sempre nos acompanha. Essa visão de “cura exógena” é que merece uma crítica severa por parte de quem quer ver a cura vomo um processo de reforma íntima.

Para mim isso tem cheiro, cor e forma de abertura de mercados. As grandes empresas estão loucas para que o grande comércio da cannabis se estabeleça para criar um gigantesco mercado internacional para a nova droga da moda. Capitalismo aplicado à saúde, como tanto testemunhei minha vida inteira.

Deixo aqui registrado que eu não embarco no entusiasmo desmedido por essas drogas, mesmo reconhecendo que a liberação é fundamental e que possam existir benefícios no seu uso.

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