A alegria explícita em um mundo que exalta a depressão é vista como uma forma de subversão ao modelo social. Ser feliz agride frontalmente um sistema baseado no consumo, porque é evidente que as pessoas felizes não tem buracos a preencher com coisas compradas. Toda a propaganda procura lhe tornar infeliz, mostrando o quanto a falta de objetos lhe diminui e oprime. Com isso poluímos a existência com bugigangas, penduricalhos, tralhas pesadas que carregamos com pesar e esforço. A felicidade, entendida como a disciplina dos desejos e a valorização dos afetos, é a forma mais efetiva de libertação espiritual, muito mais do que qualquer religião ou fortuna.
Agnes Edwiges Stanton, “A River for every Bridge”, Ed. Sampaoli, pag. 135
