Na verdade, a lei que explica a fama da Mona Lisa pode ser aplicada a vários outros fenômenos humanos, dos quais nos afastamos ou aproximamos muitos menos em função de sua essência e muito mais pelas circunstâncias, a mais das vezes, aleatórias. Não tivesse sido roubada na aurora do século XX, e numa época de extremado fervor nacionalista, talvez ela fosse menos conhecida do que algumas pinturas de Vermeer ou Botticelli. Foi o acaso que a tornou a pintura mais conhecida do planeta – não suas qualidades artísticas.
Por isso a mantenho minha tese sobre o cristianismo, uma religião criada nos confins mais insignificantes do Império Romano, cuja disseminação no mundo ocorreu muito mais pelas circunstâncias geopolíticas de sua implantação no Império Romano do Oriente do que por sua essência e seus ensinamentos – e o mesmo se aplica ao Cristo, um personagem mítico surgido dessa confluência de fatores. Poderia também citar Tiradentes como exemplo de herói esquecido e que foi ressuscitado pelos interesses geopolíticos do fim do segundo Império. Sua figura heroica e crística serviu aos interesses da burguesia e dos militares, ávidos para criar um símbolo dos ideais republicanos. Desta forma, não fosse pela proclamação da República e ele se manteria totalmente esquecido. Por mais que isso nos cause angústia, o sucesso e o fracasso de personalidades e ideias estão conectados a elementos absolutamente aleatórios e fora do nosso controle.
Não fosse por um meteoro a exterminar os grandes répteis há 60 milhões de anos os mamíferos ainda seriam desprezíveis e rastejante roedores, e nada do que conhecemos por humanidade teria chance de existir. Não fosse por Galatto e Mano seria professor de educação física na rede estadual (essa só para os gremistas).
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