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Porta aberta

Eu concordo que romantizar parto e maternidade é um erro que pode custar caro. Lembro muito bem da frustração de mulheres que idealizaram seus partos de forma muito intensa e irreal e acabaram em cesarianas. Para estas a perda do “parto ideal” produz uma queda ainda maior por causa das expectativas criadas sobre o evento. Por esta razão é importante transmitir a elas a noção de que no parto, no amor e no sexo não há garantias e que é melhor que estejam preparadas para os reveses que podem vir a ocorrer.

Entretanto, também não é justo oferecer a elas uma visão negativa e catastrófica do parto e amamentação com a desculpa de que, assim “preparadas” para o pior, não serão pegas de surpresa. Para tudo há que buscar a moderação e o “caminho do meio”. Transformar o parto em um circo de horrores serve apenas àqueles que desejam manipular pelo terror.

Depois de atender por mais de 30 anos a estes eventos, com toda sorte de resultados, a minha postura se baseava numa frase que meu pai repetia: “Visualize o melhor, prepare-se para o pior“. Zeza tinha também uma expressão muito boa para esse dilema: “Você pode enaltecer o quanto quiser as virtudes do parto e da amamentação, mas deixe sempre uma porta aberta em seu discurso para permitir que a esperança entre quando os projetos não ocorrerem como os idealizamos.

Essa porta é o segredo, e sei o quanto é difícil mantê-la aberta. Entretanto, este é o ponto nevrálgico da preparação: capacitar as mulheres para que possam lidar com maturidade seja qual for o resultado.

(De uma conversa com Andreia Moessa De Souza Coelho)

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