Dr, o que eu tenho?

Vejo com frequência uma busca insana de rotular o mal de quem sofre, como se a simples nomeação de um grupo de sintomas pudesse aliviar o sofrimento de quem carrega uma dor. Chamar pelo nome, dizendo neurose, mania, angústia, ansiedade, narcisismo, psicopatia, etc teria a capacidade de desvelar o segredo da enfermidade, arrancando a máscara de subjetividade que carregamos e mostrando a face oculta da patologia. Pois eu vejo o oposto; chamamos pela patologia nossas dores, rotulando os sujeitos, tão somente para colocar sobre eles um disfarce que os deixe uniformes, escondendo a realidade gritante de que todo sujeito constrói seus próprios sintomas de acordo com suas necessidades únicas e intransferíveis.
Wolfgang Spohr, “Ich weiß nicht genau, wo ich bin” (Não sei exatamente onde estou”), Ed. Frankfurt Press, pág. 135