
“A lua é muito mais importante do que o sol. Enquanto ela ilumina as nossas noites o sol apenas ilumina o dia, quando tudo já está claro”
Creio que esta frase merece uma consideração mais profunda. Quando eu a li me pareceu uma simples idiotice. Uma segunda leitura me obrigou a uma consideração mais profunda, e pensei que ela poderia conter algum tipo de ensinamento.
Muitas vezes consideramos pequenas coisas (como a Lua, se comparada com o sol) como sendo grandiosas apenas porque são demasiadamente exaltadas pelo contexto – em um céu escuro o nosso satélite se destaca com facilidade. Já o Sol fica quase invisível pela sua imensidão e onipresença e, frequentemente, nos esquecemos de sua existência, imaginando que a claridade que percebemos ao nosso redor é natural e parte constituinte do que consideramos um “dia”.
Quando pude reler a frase pensei nas experiências de vida que quase todos nós um dia passamos. Uma delas a paternidade e a maternidade e a convivência com os filhos. Muitas vezes, quando pequenos (e as vezes depois também) nossos filhos fazem elogios extremados e emocionados, em que ressaltam a importância de pessoas que acabaram de conhecer, deixando de valorizar o que possuem desde que nasceram. É clássica a paixão das crianças pela professora, mais tarde pela namorada. Pois elas são Luas resplandecentes no céu escuro da nossa experiência cotidiana. Claras, brilhantes e destacadas, elas irradiam sua luz em todas as direções.
Entretanto, na casa dessas pessoas habitam muitas vezes Sóis de experiência, carinho, afeto, compreensão, paciência e virtude, que muitas vezes são desconsiderados diante da exuberância telúrica. Fixados na face redonda e sorridente da Lua por algum tempo nos olvidamos do calor que sempre nos aqueceu, até porque ele sempre esteve lá; era parte constitutiva de nossas vidas.
Hipnotizados pela Lua, muitas vezes não damos ao Sol a devida justiça.