Segurança Afetiva

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Conversa com um senhor no shopping hoje à tarde. Disse-me ele:

“Nos dias atuais talvez seja justo dizer que uma criança adotada por um casal gay tenha um risco menor de sofrer por desamor e desamparo do que por um casal “comum”, numa relação heterossexual. Digo isso porque esta criança será necessariamente adotada, fruto da vontade expressa e de uma longa preparação emocional do casal. Em contrapartida, na ausência em nosso meio de interrupções voluntárias da gravidez, muitos filhos de casais heterossexuais chegam a esse mundo contra a vontade e o desejo de seus pais. São concebidos muitas vezes por um arroubo emocional, uma noite “caliente“, um destempero, um ato impensado. A gestação é, com frequência, seguida por culpas e remorsos.

É claro que muitos bebês assim concebidos serão bem recebidos e amados, mas uma parcela muito grande cai na vala dos que jamais serão bem aceitos. Esse problema é muito mais raro entre casais gays em que a adoção parte de um planejamento conjugal associado a um forte desejo de amar e cuidar de uma criança.

Portanto, do ponto de vista de “segurança afetiva”, estas crianças estão – na média – mais amparadas do que as crianças trazidas à vida do modo tradicional. Não quero dizer que esta opção seja isenta de riscos, e o preconceito de ter dois pais ou duas mães pode persegui-la por toda a infância – ou mesmo pela vida afora – mas pelo menos elas terão a garantia de que foram muito desejadas por quem as cuidará.”

Quem disse isso foi um senhor de 85 anos.
Meu pai.

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