“As necessidades são finitas, os desejos não. Passado o ilusório alívio da compra ele volta com mais força tão logo o impacto da satisfação se desfaz. Isso equaliza o rico e o pobre: os objetos podem até ser diversos, a angústia é a mesma. Por esta razão a cura da angústia pelo dinheiro é um engodo. Ouso dizer, sem medo de errar, que eu e Warren Buffet temos o mesmo mal-estar. Sobressai, nessa compreensão, a sabedoria de Sêneca: “A pobreza não ocorre pela escassez das coisas, mas pela multiplicidade dos desejos”.
Creio que aqui Sêneca exclui as necessidades básicas como comida, proteção, calor e afeto essencial. Acima dos ditames básicos da vida biológica sobressaem os desejos, emergentes da linguagem, insaciáveis e infinitos. Buscar a cura dessa angústia pela falta é como dar uma dose de vinho a Pantagruel imaginando assim saciar seu desejo e sua sede.”