Quando eu tinha 5 anos de idade aconteceram duas coisas importantes na minha vida: o Brasil mergulhou em uma ditadura militar que durou toda a minha infância até a entrada na vida adulta e meu pai fez uma inusitada e incrível viagem de estudos à França, onde ficou por 6 meses.
Quando na minha entrada na adolescência eu disse ao meu pai que ele era um sujeito de muita sorte, pois teve a possibilidade de conhecer Paris e Marselha; Nice e Lyon. Ele me respondeu de forma profética: “Isso não é nada. Quando você tiver a minha idade estas viagens, que hoje parecem tão difíceis e caras, serão tão acessíveis quanto pegar um ônibus até o centro da cidade”.
Hoje percebo o quanto estes fatos me marcaram. Não só não consigo aceitar o novo golpe que nosso país sofreu como me tornei um viajante compulsivo. Nunca menospreze a importância das experiências primitivas na constituição do sujeito.