
Não leia se você adora Harry Potter…
Estou assistindo com Zeza um filme por dia da coleção Harry Potter. Ontem vi o “Cálice de Fogo” onde aparece uma competição tipo uma Olimpíada das Escolas de Bruxaria. Harry foi “escolhido” para representar Hogwarts e precisou enfrentar um dragão, mergulhar sob a água e enfrentar monstros marinhos para salvar seus amigos do afogamento e depois entrar num labirinto em que as paredes tentavam lhe agarrar. Em todas essas etapas os competidores podiam morrer, e no final realmente um dos alunos morre!!! (desculpe o spoiler…)
Eu pergunto: quem colocaria seus filhos numa escola dessas? Quem aceitaria participar de competições em que você – ou seus amigos – podem morrer se você chegar um pouquinho atrasado?
Achei engraçado o diretor da escola explicando depois “pois é, infelizmente um dos alunos morreu durante os jogos”. No fim, fizeram uma festa de despedida.
Sei que a série tem fãs ardoroso, mas não consigo entender o endeusamento de filmes com roteiros tão absurdos.
Obs1: sei que eles são bruxos e que se trata de um universo paralelo, mas também nesse mundo alternativo os jovens morrem. E eram competições, não uma guerra!!! Devia haver mais respeito pela vida de adolescentes. As atividades dessa escola são absolutamente insanas.
Obs2: quem inventaria um jogo ridículo como “quadribol”??? Imagine você jogando aquele basquete com vassouras, se esforçando ao máximo, vencendo de 5 x 0 e de repente escuta o apito do juiz dizendo que o jogo acabou. Sim, recebe o aviso de que seu time perdeu (??!!!) porque a 2 quilômetros dali um menino conseguiu pegar uma bolinha no ar. Pense num Fla-Flu em que o Fluminense está ganhando de 3 x 0 e o juiz apita dando a vitória para o Flamengo porque, ao lado do campo, duas crianças de cada um dos times jogavam pingue-pongue e quem ganhasse este jogo seria o vencedor do Fla-Flu. Faz sentido???
Outro problema é o “limite das mágicas”, algo que acontece nos filmes do Harry Potter mas também no Ultraman e até nos desenhos do Shazan.
No Harry Potter os caras fazem batalhas em que mandam raios uns contra os outros. Ficam se atacando mutuamente até que o mocinho – o cara do bem – diz um palavra mágica e o seu adversário explode, vira fumaça ou desaparece. O Ultraman fazia o mesmo: ficava meia hora apanhando até o botão no peito indicar que a energia estava acabando. Só então ele dava um raio nas paletas do bicho e dividia o monstro no meio. Por que não fez no primeiro minuto da briga???
Quem brigaria desse jeito, apanhando pra caramba até o final, se podia terminar a luta em segundos bastando para isso usar seu melhor truque? Sim… eles mesmo: os lutadores de luta livre. Só eles…

O Shazan era pior. Ele lutava contra os inimigos, mas suas mágicas eram todas “God Mode”. Invencíveis. Impossíveis de suplantar. Até Homero percebeu que essas lutas eram sem graça e injustas. Nos seus livros Odisseia e Ilíada, que tratam da Guerra de Troia e o regresso de Ulisses para a Grécia, os combatentes, antes de se engalfinharem, perguntavam ao oponente “Diga lá, gajo: és um homem ou um Deus?” Para a mitologia grega um Deus era igual aos outros homens, apenas imortal. Qual sentido haveria em lutar com alguém que, por definição, não pode ser derrotado pela espada? A pergunta fazia todo sentido, e se fosse um Deus o oponente ia embora. Quem então lutaria contra Shazan sabendo que suas mágicas são impossíveis de vencer?
Se leu até aqui, consegue imaginar um assunto mais bobo que este?
Pois é…
Eu me preocupo muito com a geração Harry Potter.
Pra mim, o que é sintomático e muito preocupante, é que crianças e adolescentes, é que deverão se proteger, combater e se salvar do grande mal. Desesperador.
Quando penso que a infância está desprotegida a ponto de ser retratada em uma série com tanto sucesso, eu fico muito triste e preocupada.
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É por essas e outras que decidi escrever o meu próprio Harry Potter! hahaha
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