
Sem Lattes, sem memória, sem passado. Imagine só, meu amigo…. de uma hora para outra tudo ficou zerado. Depois do incêndio a memória dos feitos e atos de bravura escolar viraram cinza. Anos colecionando troféus acadêmicos e agora… tudo acabou. Fim… como se aquele dinheiro que você guardava debaixo do colchão perdesse o valor. Aqueles estudos, pesquisas, palestras, títulos. Tudo incinerado. Todo mundo agora se torna oficialmente igual, inobstante o brilhantismo ou a mediocridade.
Lembrei os jogos de futebol do meu tempo. Não importava quanto estava o placar da pelada, mas quando escurecia e todo mundo estava exausto, alguém gritava: “Zerou!! Quem fizer o primeiro ganha!!!”. Subitamente o placar desaparecia, e tudo o que já havia sido jogado deixava de existir. Ninguém mais estava ganhando ou perdendo. Nesse último gás a gente jogava como se estivesse começando tudo naquele exato instante.
É mais ou menos assim que eu vejo o fim do capitalismo.
O velho milionário vai dormir mega empresário e acorda como um cidadão comum. Ainda antes de levantar da cama vê um sujeito ao lado da sua cama, vestindo um uniforme verde escuro e um boné, avisando que precisa da chave dos fundos da sua empresa para a entrada dos caminhões. Levanta da cama, cruza o quarto gigantesco e, ainda impactado pelo despertar abrupto, entrega a chave ao rapaz de barba negra e uma estrela fulgurante no bolso da camisa.
“Posso pelo menos acompanhar vocês até lá?” ele pergunta, sem conseguir imaginar algo melhor para dizer.
O jovem revolucionário responde:
“Claro senhor. Vamos aguardá-lo lá”, e entrega na mão do ex capitalista uma tarjeta plástica. Vê o grupo de jovens sair da mansão dirigindo o seu carro esporte conversível e percebe que o mundo, como o conhecia, desabou.
Olha para sua mão e vê que a tarjeta plástica que o guerrilheiro lhe deu é um cartão de transporte público. Só então, chora.
PS: É verdade esse bilete