Existem coisas que só aprendemos com o passar dos (muitos) anos e uma delas é a dura tarefa de entender o papel do curador. Lacan, em uma famosa manifestação, dizia que “A Medicina a única forma terapêutica que trata o sujeito a despeito do seu desejo“. Isso ficou marcado para mim durante muito tempo, pois eu percebia que agir no tratamento de doenças sem questionar o desejo do sujeito, sem contextualizar seu sofrimento, sem observar de perto as escolhas que fez no processo de adoecimento e sem analisar os caminhos tortuosos que o trouxeram a uma consulta, estaríamos apenas exercendo uma espécie de violência, negando ao outro a oportunidade de curar-se através do próprio mal que o aflige.