A postagem definitiva

Estou há três dias vivendo a angústia e o tormento de escrever um texto para ser cancelado de uma vez por todas. Seria um post definitivo, aquele no qual até aquela senhora católica, que me conheceu ainda pequeno, e que pensa “eu sei que ele é maluco mas no fundo é boa pessoa” vai desistir de vez e dizer “te larguei prás cobra“. Queria escrever um texto desestruturador, amargo, sincero, brutal, auto incriminatório, duro, incoercível e cujo início seria:

“Dinanzi a me non fuor cose create
se non etterne, e io etterna duro.
Lasciate ogne speranza, voi ch’intrate.”
*

(Antes de mim todas as coisas feitas
não se acabarão, eu também
como algo que não se acabará duro.
Deixai tudo em que confiais, ó aqueles que entram)

Minha súplica sincera e brutalmente honesta seria: Não arrisquem o perdão inútil; percam todas as esperanças do que de mim lhes chega. Não há retorno para quem adentra impávido no Hades, com as labaredas a lhe tisnar a carne. Não creia na redenção, no arrependimento ou no retorno, pois que Caronte só aceita passagens de ida. E por fim, não esperem de mim as lágrimas do filho pródigo que volta à casa; entro no Inferno sabendo que, diante da sombra gelada da covardia, suas chamas mais parecem brisas de ar fresco a acalmar o calor do enxofre em brasa a afrouxar a mordaça da perfídia.

Queria…. mas não é a hora. Digo apenas que estarei aqui para lembrá-los de minha promessa e do meu compromisso. 

* Inscrição na porta do inferno, de Dante *

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