A indefinição e a postura dissimulada caracterizam o novo discurso dos conservadores, que, aliás, foi predominante nos carnacoxas. “Eu não tenho partido; meu partido é o Brasil” (o que lembra o governador Sartori, do RS, em sua indefinição proposital). Outra muito comum é “esquerda ou direita não me definem“, mas a gente já sabe – há décadas – que quando um sujeito rejeita essas definições ele é, seguramente, de direita e conservador.
Esta tática nada mais é do que um “descompromisso” discursivo, e junto com ele ganha-se a possibilidade de se manter franco atirador. “Atiro no PT e depois me refúgio atirando balas de festim no Aécio, Cunha ou Renan, pois sei que essas não machucam ninguém, mas fazem barulho e me oferecem a máscara da isenção. Ninguém vai me cobrar que eu bato panela só contra a esquerda, né?”
Essas manobras da direita buscam uma espécie de isolamento crítico cujo objetivo é sempre colocar o outro como fanático, enquanto simula um discurso de equidade e parcimônia. Para essa nova estratégia lembro de Brecht: “Dos rios dizemos violentos, mas não dizemos violentas as margens que o oprimem“. Calar-se diante das encruzilhadas tentando com sua mudez oferecer uma imagem de sobriedade apenas favorece o lado mais forte.
O silêncio dos opressores não é sabedoria ou moderação, é conveniência a favor da estagnação.