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Interpretações selvagens

Vi alguém afirmando que “quanto mais o sujeito defende a família, a moral e os bons costumes, mais safado é”.

Hummm, calma lá…

Uma frase assim, fora de seu contexto, e generalizando de forma bruta, é apenas lacração. Existem fanáticos moralistas que são castos, justos, corretos e tem uma conduta ilibada e honesta. Traçar uma linha reta de causa e consequência é um erro facilmente cometido. Por certo que existe um perfil cujas críticas à conduta moral dos outros nada mais são do que denegações de seus próprios vícios; jogam nos outros o que não suportam em si. Entretanto, se isso pode ser frequentemente observado, não deve ser considerado como regra geral.

Não há como desmerecer todas as críticas à moral alheia apenas com esse argumento. Tipo “se você é homofóbico só pode ser um gay enrustido e frustrado”. Não é verdade; muitas vezes é apenas um heterossexual idiota ou preconceituoso que precisa se sentir superior à alguém por ter sua autoestima combalida.

Esse “furor interpretans” não nos ajuda a entender o fenômeno do preconceito e do ódio social disseminado aos diferentes, e tais afirmações peremptórias nada mais são do que pura selvageria diagnóstica

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Linhas Retas

Não existem linhas retas na natureza, e as linhas do universo simbólico são necessariamente tortas. Entre um ponto e outro de nossa compreensão se entrecruzam fatores que as ciências exatas não podem medir. Se é verdade que não podemos creditar todos os eventos humanos às “artimanhas do inconsciente” (o mestre já dizia que muitas vezes “um charuto é apenas um charuto”) também é verdade que não podemos nos cegar às evidências de que as intencionalidades recônditas precisam ser encaradas com discernimento e coragem. Sem os antigos psicologismos, manifestos pela volúpia do “furor interpretans“, a visão de causalidade emocional pode nos oferecer múltiplas chaves para a compreensão dos enigmas do adoecimento. Mas não todas, por certo.

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