Estima-se que existam 50.000 mulheres grávidas em Gaza. Dentre estas, por volta de 180 chegam todos os dias às maternidades para dar à luz, com a esperança de que o hospital ainda esteja de pé, ou que não tenha sido bombardeado. Podemos imaginar que, no mínimo, 15% destas mulheres vão precisar de uma cesariana – talvez mais, pois como não se inundar de adrenalina ao parir durante um bombardeio? – e talvez várias delas tenham que ser operadas sob a luz de lanternas, com pouca anestesia e com insuficiente antissepsia.
Muitas delas sofrerão complicações relacionadas com a gravidez, o parto e o pós parto, diretamente relacionadas à falta de medicamentos, falta de enfermeiras e médicos, falta de luz, excesso de stress, pânico, etc. Inúmeras vão necessitar de cuidados médicos adicionais, com antibióticos e UTIs, mas como contar com médicos, se eles foram mortos pelo exército racista de Israel? Como contar com enfermeiras, se elas estão sobrecarregadas, ou ocupadas com o enterro dos seus próprios filhos, maridos e irmãos? Como contar com medicamentos se nem água ou luz entram em Gaza?
Vou sentar na poltrona surrada da minha casa e aguardar pacientemente um posicionamento firme das instituições de apoio à humanização do nascimento no Brasil – assim como das feministas – sobre a tragédia humanitária que está ocorrendo com mulheres grávidas na Palestina, submetidas ao terror do exército de ocupação israelense. Não há como continuar em silêncio quando um massacre está ocorrendo debaixo dos nossos narizes. Nada justifica ficarmos calados enquanto as gestantes e seus filhos são sacrificados por causa de uma guerra absurda, desigual e desumana.
Só não me venham com “doisladismo” que eu não vou ficar quieto.
