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Esquerda festiva

Eu fui um dos que nunca engoliu o discurso direitista de ambos. Houve um tempo em que atacar Olavo de Carvalho, Temer, Bolsonaro e o bolsonarismo era visto como o selo de qualidade do esquerdista. Fomos enganados por figuras como Karnal, Prioli e Bugalho e outros menos importantes, fazendo-nos crer que seu combate aos fascistas tinha conteúdo revolucionário. A foto de Karnal elogiando o juiz Moro e os ataques sistemáticos de Bugalho aos socialistas mostraram sua verdadeira essência: pensadores sem criatividade que surfaram na onda da luta contra os golpes que atingiram o Brasil vindo das franjas mais reacionárias da nossa população. Hoje a gente percebe que a turma da esquerda liberal, que cultua o “fim da história”, que acredita na potencialidade do capitalismo, que usa teses moralistas para atingir os bilionários (ao invés de olhar a estrutura que os cria e sustenta) e que prega a “reforma íntima” (e não sistêmica) para a cura da iniquidade, são os mais fiéis combatentes contra o projeto socialista e de qualquer outra reforma estrutural na sociedade capaz de produzir reais transformações na distribuição de renda. Esses personagens midiáticos são a esquerda que a direita gosta, promove e estimula. A cena constrangedora que apareceu essa semana na Internet demonstra que o que eles sempre quiseram era essa exposição chula e as luzes da ribalta, em especial dos identitários. Essas pessoas deveriam ficar onde seria mais justo: na direita, onde suas teses serão sempre acalentadas e aceitas.

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Um Vinho com Moro

A postura de Leandro Karnal no papel de “Guru” acima do bem e do mal, sua atitude afetada e debochada contra elementos da cultura popular (como Luan Santana), suas tentativas infindáveis demonstrar sofisticação e erudição e suas ironias e frases de efeito clichê sempre me incomodaram. Porém, como ele está “do nosso lado” sempre relevamos. Talvez estejamos vendo o ocaso de um ícone da esquerda que em pouco tempo se transformará em “liberal”. Sairá reclamando da intolerância e dos xiitas. É provável que e as análises mais sombrias estejam corretas.

Leandro Karnal é um inegável sucesso recente da Internet através dos seus vídeos no YouTube. Eu não o conhecia antes disso, apesar de ele ser de São Leopoldo. Não há como negar que ele é inteligente, culto e sabe se expressar. Brinca com as palavras, os tempos do discurso e seus silêncios. Cativou multidões de fãs por oferecer pérolas de autoajuda ou por explicar alguns conceitos complexos com palavras simples.

Entretanto ele sempre me pareceu, em todas as suas manifestações, ser dominado por uma vaidade inegável. Sua fala é cheia de citações e referências que emolduram um discurso empolado e por vezes afetado. Por mais que sua erudição me pareça admirável creio que ele sucumbiu à soberba, engolido pela fantasia de se tornar um guru, ao invés de se contentar com o lugar de livre pensador.

Ora, um pensador mais cedo ou mais tarde terá suas ideias contestadas ou sua imagem arranhada por outro artista da palavra, mais brilhante e capacitado. Pode inclusive acabar produzindo um grupo muito grande de detratores e contestadores.

Já um guru atinge o desejo, e não a razão. Ele não quer que suas ideias sejam aprendidas ou que seus pensamentos tragam luz à escuridão que nos ameaça. Não, o guru quer ser amado.

Não acredito que o jantar com Moro tenha sido casual. Creio mesmo que o encontro e a foto são propaganda de um projeto pessoal. Eu lamento por um lado – ao ver um pensador à esquerda fazer média com uma pessoa nefasta para o país – mas por outro lado fico feliz ao ver a imagem de um “guru da esquerda” se esfacelar.

Triste do povo que precisa de heróis ou gurus.

PS: Uma piada que não consegui evitar “Foi só um vinho ou também rolou um encontro Karnal?”

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