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Tipos de Ultrassom

O ultrassom é outra novela capitalista. Existem três tipos fundamentais: ultrassons médicos, sedativos e recreativos.

Os ultrassons MÉDICOS  possuem como característica “uma pergunta, uma resposta e uma ação“, sendo esta última diretamente ligada à resposta oferecida pelo exame. São exames raramente feitos, mas são os únicos justificáveis.

Os ultrassons SEDATIVOS são subproduto da indústria do medo. As pacientes durante o pré natal são tão danificadas emocionalmente pelo modelo médico que passam a desconfiar de sua capacidade de produzir bebês saudáveis. Por esta razão, precisam de um reforço visual, uma comprovação do bem-estar fetal pela via tecnológica. As lágrimas na sala de ecografia não são – via de regra – de alegria, mas de alívio.

Os ultrassons RECREATIVOS são para olhar, espiar, socializar o bebê e para descobrir seu gênero antes do nascimento. Hoje em dia são exigidos pelas famílias como um ritual tecnológico de apropriação e introdução social do “nascituro”. Uso essa palavra controversa de propósito, exatamente porque as ecografias contribuem para a noção contemporânea do “feto como sujeito”, que tanto estrago traz às mulheres, tanto no debate sobre o direito ao aborto quanto na ocorrência de uma perda gestacional. É sabido também que tanto este tipo de ultrassom quanto o “sedativo” são incapazes de produzir melhora nos resultados perinatais.

Em verdade, as ecografias na gravidez como método de RASTREIO (em mulheres com gestações saudáveis) não oferecem nenhuma vantagem para mães e bebês do ponto de vista do decréscimo da morbi-mortalidade materna, fetal e neonatal. São “brinquedos eletrônicos” que, na imensa maioria das vezes,  não  justificam – com resultados positivos – a quantidade enorme de recursos neles aplicados.

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Herói

Herói médico

“A causa essencial dos problemas relacionados com a atenção médica ao parto é o próprio paradigma médico incidindo sobre a fisiologia deste evento. Vejam bem: encarceramos estudantes por 6 a 9 anos numa universidade ensinando-lhes patologia e intervenção, o combate às doenças e os tratamentos – cirúrgicos e medicamentosos. Depois de formados oferecemos a eles a fisiologia e os ciclos vitais normais, que requerem atenção e cuidado, e não intervenções tecnológicas e heroicas, as quais só deveriam existir como exceção. Diante desta encruzilhada, o que fazem os médicos em pânico, a quem oferecemos algo que não sabem fazer, não conhecem a fundo, não querem entender e sentem-se impotentes para lidar?

O que se vê e que estes profissionais transformam a gestação em doença e o parto em processo cirúrgico para assim, aliviados, poderem fazer uso de sua arte. Os médicos, portanto, também são vítimas de um modelo onde se sentem deslocados. Melhor seria que a eles fosse reservada a condição de “heróis”, prontos para agir apenas quando sua arte é necessária. Precisamos de mesmo de personagens de coragem e fibra, prontos a agir diante das ameaças que um parto pode apresentar, e não profissionais que transformam um importante rito de passagem feminino em um evento operatório, frio, asséptico e arriscado.”

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