
Aos 5 anos de idade eu caminhava na rua Salgado Filho quando vi uma banca de jornais que vendia loterias. Olhei os números recheados de zeros no prêmio estampado e perguntei para o gigante que segurava minha mão:
– Pai, por que não compra um bilhete da loteria? Se você ganhar podemos ficar ricos e comprar qualquer coisa que quisermos.
Ele continuou andando firme e olhando para frente e me disse, do jeito sisudo e objetivo que sempre o caracterizou:
– Só acredito em dinheiro que foi ganho através do trabalho. Esse aí pode ser legal, mas é imoral.
É desses pequenos fragmentos dispersos que somos constituídos. Obrigado, pai, por essa lembrança.