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Janela

Não deveria causar espanto o fato de que estas meninas parecem estar esnobando os rapazes com quem marcam encontros. Nessa idade – a adolescência – as mulheres são muito poderosas. Em verdade, não haverá momento algum em suas vidas em que serão tão valiosas aos olhos de todos. Todas as heroínas das histórias infantis – de Branca de Neve. Cinderella e até Julieta Capuleto de Verona – eram garotas no fulgor de sua adolescência. O mercado é francamente favorável a elas. Os homens estão por toda parte ávidos por encontrá-las; são desejadas, procuradas, exaltadas, admiradas e têm o mundo aos seus pés. A virada dos 30 anos é, para muitas, um divisor de águas. Na antiguidade quase nenhuma mulher chegava a esta idade sem filhos, o que nos deveria fazer pensar com uma certa estranheza sobre os tempos atuais, quando a maioria ainda não teve filhos. O certo é que, depois de ultrapassada esta barreira, seu valor (aqui entendido como a atração, não os valores morais ou intelectuais) cai progressivamente.

Quando as mulheres de mais idade, por mais lindas e inteligentes que sejam, dizem que não recebem o reconhecimento devido apenas por serem “maduras”, estão apenas dizendo que não ganham mais a atenção desproporcional e exagerada que recebiam no pleno vigor erótico da juventude. Na verdade, estas mulheres maduras sentem na pele algo que os meninos conhecem muito bem: elas passam a ganhar os mesmos olhares que um garoto de 16 anos recebe das mulheres de 20. Lembrem-se: por mais duro que seja aceitar, somos seres destinados à reprodução. Quanto mais nos afastamos da janela reprodutiva menos valor obtemos do entorno social. Apesar da nossa racionalidade ainda funcionamos como uma espécie sofisticada de primatas sem pelos, e nossas atitudes continuam conectadas aos estratos mais primitivos da mente, os quais, fortuitamente, nos garantem a sobrevivência.

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Essência humana

A ideia do “homem essencialmente bom”, como apregoada por Jean Jacques Rousseau, definido como o sujeito que, nascendo bom, depois é corrompido pela sociedade, não resiste às análises mais superficiais. Creio mesmo que o homem nasce essencialmente egocêntrico, fixado em si mesmo e em sua própria sobrevivência, colocada acima de todos os outros valores. Somente a lenta maturação é capaz de afastá-lo de sua propensão natural a preservar a si mesmo como tarefa precípua. Nascemos “maus”, no sentido de nossa essência egoísta. O altruísmo – se é que ele existe – só é conquistado com muito labor e bem mais tarde, e só ocorre pelas forças sociais; somos fraternos por imposição do meio.

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Sobrevida

A razão pela qual algumas pessoas vivem mais do que outras é porque elas se sustentam na rede de afeto que lhes é oferecida. Sem essas conexões de amizade e reconhecimento a vida torna-se um fardo, tanto para os outros quanto para nós mesmos. Devemos sempre agradecer aos poucos amigos que temos pelo apoio e o carinho, em especial nos momentos tristes e sombrios. A eles devemos nossa sobrevivência.

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Evolução

evolucao

Será o “progresso” realidade ou miragem?

O problema é que a adoção da agricultura não foi pelas potenciais “facilidades” que ela sugeria, mas pela premência de adquirir espaço. Exatamente porque a estratégia de caça e coleta obteve vantagens por milênios ela acabou por determinar incremento da população e sucesso reprodutivo. Com isso a população cresceu e a cizânia se instalou. Um grupo de caçadores coletores precisa de 1 km2 por elemento para uma caça e coleta adequadas. Como garantir esse espaço? Com o crescimento – mesmo que lento e insidioso – da população, onde acomodar o surplus populacional? Desta forma, fica fácil entender que agricultura não foi opção; foi a imposição dura de um mundo que ia encolhendo. Com ela veio a fome, a religião, o patriarcado e a violência como modelo de relação.

Ganhamos com isso? Talvez sim, e a nossa sobrevivência é a prova.

Mas… a que preço?

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