Correto. Acontece que para chegar no pensamento as ideias precisam percorrer inúmeros filtros; não existe pensamento que seja a perfeita expressão do que você sente. Já a emoção brota de forma rebelde, livre e espontânea. Por isso o sujeito se revela de forma mais pura nas epifanias e nos paroxismos de medo, raiva e paixão. O terapeuta atento e isento de preconceitos precisa prestar a máxima atenção nestes episódios, e ter uma desconfiança radical com racionalizacões e autoavaliações que o sujeito produz. Somos mentirosos e dissimulados sobre nós mesmos; condescendentes e parciais. Na profundeza do inconsciente, onde impera a escuridão e o segredo, tudo é úmido, sujo, empoeirado e feio; porém, quando as ideias emergem à consciência aparecem penteadas e de banho tomado.
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Cura
Existem coisas que só aprendemos com o passar dos (muitos) anos e uma delas é a dura tarefa de entender o papel do curador. Lacan, em uma famosa manifestação, dizia que “A Medicina a única forma terapêutica que trata o sujeito a despeito do seu desejo“. Isso ficou marcado para mim durante muito tempo, pois eu percebia que agir no tratamento de doenças sem questionar o desejo do sujeito, sem contextualizar seu sofrimento, sem observar de perto as escolhas que fez no processo de adoecimento e sem analisar os caminhos tortuosos que o trouxeram a uma consulta, estaríamos apenas exercendo uma espécie de violência, negando ao outro a oportunidade de curar-se através do próprio mal que o aflige.
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