O discurso das mulheres diante de desafios como “peitos pequenos”, “bunda grande”, “excesso de peso”, ou “cabelo ruim” sempre foi incompreensível e paradoxal para mim, e me remete à construção de uma auto imagem baseada no olhar do outro e sobre uma estrutura psíquica narcísica.
Por isso é que qualquer discurso construído pelas mulheres para reagir a estas “problemas” é considerado por mim como heroico.
- Eu uso silicone porque é importante para minha autoestima, e o importante é eu me sentir bem e não o que os outros pensam.
- Eu não coloco silicone porque não tenho que dar satisfação de como sou aos outros. Eles que me aguentem.
- O importante é a beleza interna. O externo é efêmero e enganoso aos olhos.
- Sim, eu gasto 500 reais num tratamento para o cabelo porque eu mereço.
- Quero alguém que me valorize pelo que eu sou e não pelo que eu aparento.
- Sim, fiz redução de mamas porque eu quero me amar mais.
Como entender tantas vozes aparentemente paradoxais? A moça das mamas pequenas que as exibe despudoradamente não tem menos coerência em seu discurso do que aquela que coloca próteses para se sentir mais bonita “consigo mesma”
É exatamente por estes aparentes conflitos do que significa ser e estar mulher que as percebo tão fascinantes e misteriosas.