A barbárie não está na criminalidade em alta, nem na corrupção alastrada. Não está no golpe midiático-jurídico que ora sofremos, perpetrado pelos mesmos agentes políticos que historicamente espoliam o Brasil desde a Velha República.
A barbárie não está no Mal, já que ele é da natureza egoística humana, resquício instintual da luta pela sobrevivência. A barbárie não está nas guerras libertárias ou nas lutas e marchas pela indignação explosiva. Ela não está sequer no abuso das polícias.
De nada adianta procurá-la onde ela não está. A barbárie está dentro de cada um de nós. Ela é a complacência com o Mal, a preguiça diante do sofrimento alheio, a postura egocêntrica, o silêncio diante do arbítrio e da violência. O que é “bárbaro” é calar-se quando a selva se abate sobre nós, imaginando que nossa mudez nos trará alguma vantagem. Pior ainda é usar a voz para saudar a selvageria como se ela tivesse o poder de nos salvar.