O elemento mais delicado no encontro do profissional com seu paciente é talvez o mais negligenciado na escola médica: a tessitura delicada e compassiva da palavra. Mais do que a orientação precisa e justa este diálogo necessita levar em consideração a condição anímica de quem recebe tal aconselhamento, de tal maneira que a verdade fria não se transforme em navalha a cortar os fios tênues que sustentam a esperança. Por outro lado, a sedução do encorajamento fácil das palavras de estímulo pode insuflar o paciente com falsas expectativas, muitas vezes obliterando o necessário preparo para o luto.
Também é importante entender que a palavra do profissional muitas vezes terá uma interpretação viciosa de acordo com a forma única como o paciente processa a informação. Não poucas vezes culpa-se o mensageiro, da mesma forma como responsabilizamos o meteorologista que anuncia a tempestade. É importante que o terapeuta esteja preparado para esta situação.
Entender o emaranhado emocional em que o paciente está envolvido nos ajuda a lidar com a frustração de nem sempre ser o alívio e o conforto que ele tanto precisa e espera.
Helen G. Prescott, “The Jungle in White”, Ed. Boulevard, pág. 135
Helen Gilmore Prescott é uma médica americana nascida em Nova York em 1963. Fez residência em clinica médica e trabalha no Mount Sinai Hospital no ambulatório. Dedica-se a escrever contos e ensaios em que o tema central é a intrincada relação entre o doente e seu terapeuta, enfocando no emaranhado e emoções que transitam em ambas as direções, tornando cada encontro único e significativo. “The Jungle in White” é seu livro de estreia e é formado por um conjunto de crônicas e histórias sem conexão temporal mas que trafegam pela linha tênue das amarras emocionais que ligam os pacientes aos profissionais que os cuidam. É casada com Jeffrey Doll, médico psiquiatra, e tem dois filhos, James e Ritchie