A fala do promotor Januário (foto acima), um primor de elegância e sofisticação, foi a parte dos diálogos da Vaza Jato que mais expõe o componente de preconceito de classe presente na perseguição ao ex presidente. O que era insuportável para estes janotinhas (de terno importado e mesada de 50k) era o fato de que Lula era povo, era gente, era migrante nordestino, corintiano e gostava de cerveja. Lula, aos olhos dessa catrefa, tomava pinga, não acondicionava corretamente os vinhos, falava errado, cuidava mal do “seu” sítio e sua mulher usava vestidos bregas.
A maioria não confessa, porque essa é uma chaga moral, mas Lula jamais foi aceito por esses engravatados – e boa parte da classe média – porque, pela primeira vez na história do Brasil, o presidente teve a cara e a história de seu povo. Isso, para esses europeus deslocados, é inaceitável e uma afronta aos “cidadãos de bem”.
Marilena Chauí tem razão sobre os adjetivos que lança à nossa classe média brasileira.
Preconceito de classe
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