Os termos “Falta de dilatação” e “falta de leite” são duas faces da mesma moeda, diagnósticos corriqueiros no ciclo gravido-puerperal que servem para desvalorizar o trabalho feminino e jogar as gestantes e mães nas mãos dos técnicos e dos especialistas.
Triste saber que a maior parte desses transtornos nada tem a ver com uma falha na fisiologia materna, mas pela crença na defectividade essencial das mulheres e na incapacidade do sistema de assistência de reconhecer e trabalhar com os aspectos psicológicos, afetivos, emocionais, sociais e espirituais de cada mulher que está a gestar e parir.
Gestação, parto e amamentação são fenômenos sociais e culturais que ocorrem no corpo de uma mulher. Não há como conceber o nascimento apartado do contexto em que ele ocorre. A forma como atendemos este ciclo vital é, em verdade, um espelho muito nítido da sociedade onde ele está inserido.