Há mais de 20 anos eu aboli a expressão “parto natural” quando percebi que ela se referia a uma fantasia nostálgica de um paraíso perdido. Não há nada de natural no parto; tudo é construção da linguagem; tudo é elaboração simbólica. Chamar de”mãezinha”, abusar dos diminutivos e fazer tricotomia são formas de infantilizar as gestantes, transformando-as em crianças, obediente e manipuláveis. Existem, portanto, formas sutis e poderosas de controlar as gestantes, travestindo ações violentas em sua essência como se fossem plenas de cuidado e carinho. São armadilhas perigosas, tão poderosas quanto invisíveis e, por isso mesmo, precisam ser combatidas.
Margareth Woolington, “Freedom as a Mirage”, Ed. Cypress Hill, pág 135