
Eu sempre lamento quando vejo pessoas fazendo declarações públicas cujo principal objetivo é agradar sua plateia – grande ou pequena – ao invés de representar a manifestação clara e honesta de seu pensamento. Também me entristece a censura, em especial a mais dolorida de todas: a “autocensura”, aquela que sequer é regulamentada por lei, mas controlada pelas patrulhas ideológicas e pela crueldade dos cancelamentos. No passado este comportamento foi chamado de “cinismo”, uma atitude canina e covarde, mas hoje recebe o nome de “lacração”, algo que o mundo começa a entender como uma ação falsa, injustificável e deplorável.
Não existe nenhum assunto para o qual se possa estabelecer blindagem à crítica, ao deboche, ao desprezo, sob pena de transformar essa questão em um dogma inamovível, que cristaliza o progresso do pensamento. Quem acredita que este tipo de ação protege as minorias – tratando-as como crianças e deficientes – está profundamente equivocado, pois estará produzindo, em verdade, um poderoso elemento para a manutenção do arbítrio e do preconceito contra os grupos que aparentemente pretendia proteger.
O “politicamente correto”, uma tragédia para a liberdade do pensamento, deverá ser enterrado e lembrado para a posteridade como um erro compartilhado por ingênuos e oportunistas, mas que produziu um estrago imenso na cultura e nas relações humanas.