Confesso que já vi muito piores, algumas atacando a perna inteira, com bolhas e úlceras coalescentes. Todavia, eu creio que a erisipela é o que existe de mais saudável no Bolsonaro. Em verdade, o aparecimento de um sintoma como este num momento depressivo como o que ele está passando se configura como uma legítima válvula de escape para os conteúdos emocionais extremamente danosos para a economia orgânica.
Ou seja: a erisipela (e menos ainda o estreptococo) não é a causadora do desequilíbrio, mas sua consequência – e representa sua tentativa derivativa de resolução. Sua simples supressão, com antibióticos ou tratamentos locais, não é capaz de devolver a saúde, apesar de resolver momentaneamente uma lesão local que pode inclusive ameaçar a vida.
Para Bolsonaro se “curar” – numa concepção mais analítica e profunda – seria necessário uma trajetória longa e dramática de retorno a um estado de homeostase. Todavia, não creio que ele seja capaz de empreender esta viagem de volta…