Avatares

Na imagem, Sophia Loren e Jayne Mansfield em um evento da Paramount em 1955

Acho interessante que essa moda de fazer “avatares” de si mesmo, como imagens idealizadas, defeitos suprimidos, exaltação de qualidades, sorrisos enigmáticos e poses fatais, se adapta bem ao tipo de mundo em que se vive – onde a ficção de si mesmo é apresentada como folhetim diário nas postagens do Instagram. E vejam, não há crítica moral alguma a essa tendência, até porque ela seria totalmente hipócrita, basta dizer que qualquer um se deixa seduzir por uma imagem melhorada. Por mais falsa que possa ser, é apenas mais uma capa de imagens irreais que colocamos sobre nós mesmos.

Entretanto, o que eu só percebi agora é que esta empresa coloca todas as mulheres com dois números de sutiã a mais. Sem exceção, elas ficam voluptuosamente adornadas pelos mais maravilhosos amortecedores que a natureza jamais criou. Ou seja: o capitalismo sabe que, por mais que o mundo siga em sua trajetória no rumo das estrelas, e por mais que tentemos fugir do essencialismo dos gêneros, a gente continua querendo uma chance melhor – mesmo que ilusória – de captar o olhar alheio para os nossos atributos sexuais.

Jamais deixamos de ser símios sem pelos…

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