
“Então, um belo dia, eu acordei pela manhã e me dei conta que não havia mais sentido continuar sendo aquela antiga versão de mim mesmo. Foi um estalo; como acordar”.
Verdade, mas na realidade a transformação não é fruto de magia, não é sequer uma transformação repentina, da mesma forma como um maremoto ou a erupção de um vulcão não ocorrem de surpresa, surgidos do “nada”. Estas mudanças apenas externamente aparentam ser abruptas; elas ocorrem pelo movimento lento e gradual das placas tectônicas do nosso psiquismo, que insidiosamente se adaptam e se transmutam para acomodar nossa perspectiva de mundo. Um dia, sem aparente aviso, surge o tsunami, o tremor sob os pés e a lava percorre seu caminho junto às cinzas, o que nos leva à ilusão de que algo súbito e surpreendente ocorreu. Isso acontece apenas pela nossa incapacidade de perceber as violentas tensões subliminares que ocorrem nas profundezas de nossa alma.