Posso falar pelos homens nesse aspecto: tudo, literalmente tudo que fazemos no cotidiano, de escovar os dentes a construir um centro de pesquisas aeroespaciais, de jogar futebol a subir no Everest, nós o fazemos para as mulheres, e por causa delas. Não há nada na existência dos homens que fuja desse determinismo. Os franceses imortalizaram a frase “Cherchez la femme!!” exatamente para deixar claro que todas as manifestações do gênio humano, das brutais e criminosas às angelical e sublimes, tem essa motivação primordial.
Somos seres criados para a reprodução, essa é a lei suprema da nossa existência. Nessa engenharia da vida as mulheres serão o prêmio elementar, a chave para imortalidade, a recompensa para todos os nossos esforços. Coloque dez homens juntos em uma sala e aguarde alguns poucos minutos; inevitavelmente o assunto deles vai convergir, como uma espiral concêntrica, para as mulheres, suas manias, graças, cheiros e sabores. Coloque dez mulheres em um grupo e passados poucos instantes o assunto delas será…. as próprias mulheres.
O poder sobre as mulheres sempre foi essencial na arquitetura do modelo patriarcal. Esse domínio teve que ser exercido muitas vezes à força e só agora começa a ser desconstruído, pois sem dúvida o patriarcado imprimiu historicamente uma configuração diversa às partes distintas desse dueto. Todavia, para um observador, as semelhanças são muito mais arrebatadoras que as diferenças. Na minha perspectiva a grande diferença é da estrutura objetual da sexualidade masculina, em contrapartida com a sexualidade feminina, caracteristicamente narcísica. Isso oferece ao homem uma curiosa vantagem: ele sabe, desde sempre, que é incompleto e precisa de algo fora de si, um objeto de desejo que perseguirá por toda sua vida. Já a mulher muitas vezes fantasia com a autossuficiência. O que, aliás, não faz sentido: somos intrinsecamente dependentes da construção que o outro faz de nós mesmos.
As mulheres são o umbigo do mundo. Não melhores, nem piores, mas o centro.