Vidas comuns

Nos meus sonhos eu frequentemente encontro desafetos que passaram na minha vida. Estão lá, em situações banais e corriqueiras, em lugares onde os encontrei durante a vida: salas de conferências, cafés, restaurantes e até no assento próximo ao meu em um avião. Vejo-os de longe, agindo como sempre agiram, conversando com amigos em comum. Apesar do ressentimento que esse encontro onírico comprova, eu jamais brigo ou discuto com eles nestas ocasiões.

Na verdade eu sinto vergonha ao perceber que, quando se analisam os fatos à distância e com alguma isenção, não há real razão para brigar indefinidamente com alguém, por piores que tenham sido os desacertos do passado. Este tipo de rancor apenas demonstra a incapacidade de enxergar o mundo pelos olhos alheios. No sonho minha reação é evitar o contato, e interpreto essa ação como uma forma de não me defrontar com a dura realidade de suas vidas comuns, contraditórias, desimportantes, miseravelmente humanas e tão iguais à minha. 

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