O próximo passo no movimento de humanização do nascimento é acabarmos com as “Notas Públicas” que jogam assuntos internos para o mundo exterior (leia-se, Redes Sociais). Mesmo que, ao analisar estas manifestações, eu encontre verdades e correções, eu ainda acredito que a via mais correta para resolver estas contendas seja uma discussão privada e sincera, onde os pontos de vistas possam ser expressados com honestidade e franqueza. Fui vítima de manifestações desse tipo no passado, e não vejo qualquer vantagem para um projeto, uma ideia ou um movimento pelo uso de manifestações marcadas pela autofagia. Ninguém ganha com isso; todos perdem.
No caso em questão a minha dor é ainda maior porque gosto e tenho laços de amizade e carinho por todas as pessoas envolvidas, em ambos os lados da controvérsia. Eu sinto, pela primeira vez na vida, a sensação de um menino que se martiriza ao assistir a briga dos pais e pensa: “Por que eles não conversam e se entendem? Por que essas brigas na minha frente? Eles deveriam se amar!!”
O que é pior, um dos pais sempre se aproxima e pede, de forma sutil e subliminar, que o pobre menino escolha um dos lados. Que crueldade!!
Espero que essa situação possa nos oportunizar um questionamento profundo de nossos valores e estratégias. Precisamos construir uma união mínima em torno de ideias compartilhadas, respeitando as diferenças pessoais e oportunizando o diálogo aberto entre aqueles que lutam por propostas semelhantes. Os que se posicionam contra a autonomia feminina, a visão interdisciplinar do parto e a adoção de protocolos baseados em evidência sempre festejam estas brigas intestinas; só os conservadores tem a ganhar. As mulheres e seus filhos, objetivo maior de nosso trabalho, são os que mais perdem com nossa incapacidade de resolver esses problemas de forma compreensiva, amorosa e privada.
Sonho com uma conversa conciliadora entre as partes, o que entendo ser difícil em um momento de sentimentos aguçados e honras feridas. Todavia, o que restaria da vida sem a possibilidade de sonhar?