
Nunca vou esquecer as palavras de um amigo que mora em um rico país europeu quando conversávamos sobre trabalho e dinheiro. Seu salário era excelente e seu trabalho estava ligado (que surpresa) a uma instituição bancária sólida e imponente, em um país conhecido por ter um sistema bancário que recebia dinheiro de fontes obscuras do mundo inteiro. No meio da conversa ele olhou para mim e disse:
– Nem imagina o quanto invejo o trabalho artesanal que vocês fazem cuidando de gestantes, bebês, famílias, etc.
Espantado, respondi:
– E por que você invejaria uma atividade tão simples como a nossa e que não remunera sequer 1/5 do que você ganha?
Sua resposta foi simples e direta:
– Vocês podem ver o resultado imediato do trabalho que fazem. Tanto o dinheiro que ganham quanto os agradecimentos são direcionados diretamente a vocês. Já eu trabalho em uma esteira de produção financeira onde o resultado final depende de tantas circunstâncias que não é possível traçar uma linha direta entre meu trabalho e um bom resultado observado. Além disso, trabalho para que piratas internacionais, bandidos de ternos Armani, gente sem escrúpulos e sem ética fique ainda mais rica. Isso é muito deprimente.
Essa declaração, que colocava um sentido transcendental ao trabalho, muito me impactou. Dinheiro realmente não pode ser a medida de todas as coisas.
