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Notícias da Guerra

Pelo que escutei hoje as tropas do exército vermelho estão a 15 km da Praça Maidan. Creio que Putin está esperando um aceno de Zelensky, e por isso a chegada a Kiev parece progredir em câmara lenta. Mas concordo com John Mearsheimer: “se for necessário – na perspectiva russa – os exércitos entram em Kiev e colocam tudo abaixo”. E isso está no DNA de um país que passou por invasões e ameaças durante séculos. Putin não vai deixar um novo Fuhrer se criar na casa ao lado.

É só uma questão de tempo a queda de Kiev, mas creio que a Rússia se preparou muito para as sanções. Putin sempre teve isso no horizonte. Para a Rússia a questão da Ucrânia é uma ameaça à sobrevivência da nação russa, e por isso o arsenal nuclear foi colocado em alerta máximo. Como disse o professor John Mearsheimer (veja aqui sua excelente análise), não havia escolha a não ser a invasão e a destruição do arsenal militar da Ucrânia. E sobre as sanções… quem vai perder mais? A Europa ou a Rússia? Se estas sanções não derrubaram Cuba, Nicarágua, Coreia do Norte ou Irã, porque iriam derrubar a Rússia?? É apenas um castigo cruel dos feitores americanos punindo o que acreditam ser seus vassalos rebeldes.

Por outro lado, ainda vejo pessoas insistindo em debater a crise do leste europeu pelas lentes da “esquerda x direita”. Ora gente… são dois governos de direita se digladiando ferozmente!!! Não podemos entrar nessa fantasia de direita contra esquerda. Essa guerra não tem nada a ver com essas ideologias. A Ucrânia seria igualmente invadida se fosse comunista e estivesse ameaçando a Rússia dessa forma.

“Ah, mas não havia sinal algum de que a Ucrânia seria uma ameaça à Rússia. Por que a OTAN haveria de invadir ou ameaçar um país gigante como a Rússia?”

Ora, basta perguntar para Napoleão, as dez nações que invadiram a Rússia durante a Guerra Civil para auxiliar os mencheviques contrarrevolucionários. Podemos também perguntar quais os planos de Hitler e porque desfez o pacto Molotov-Ribbentrop para dominar os recursos – em especial o petróleo – da Rússia.

Se não fosse para ameaçar a Rússia, qual seria a razão de expandir as fronteiras da OTAN? Se não fosse para cutucar o urso no olho, porque as ameaças? Por que Zelensky falou explicitamente em colocar armas nucleares da OTAN em seu território? Por que a idolatria a figuras como Stepan Bandera, um colaboracionista nazi, e os símbolos do III Reich que enfeitam até os shoppings de Kiev?

E por que agora passamos a falar de “expansionismo russo” se jamais usamos este termos para as mais de duzentas invasões americanas nos últimos 70 anos? Quando os gringos invadiram o Panamá e sequestraram seu presidente, chamamos a isso de “expansionismo americano”? Por que – mais uma vez – dois pesos e duas medidas?

A Rússia não vai anexar a Ucrânia, pois isso seria uma estupidez, e os russos não são burros. A campanha russa é para criar um “buffer”, uma zona neutra desmilitarizada, e para desnazificar esse país, lotado de fascistas e nazi-lovers declarados. É exatamente por isso que, ao contrário de todas as invasões do Império (inclusive na Iugoslávia) não houve uma destruição massiva do país. Na Ucrânia não está ocorrendo nenhum abalo nas cidades, apenas de alvo militares – e, por certo, algumas adjacências, mas o número de mortos desta guerra é menor do que um fim de semana de carnaval nas estradas brasileiras. O objetivo da incursão russa é limpar, não destruir o país.

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Paradoxo da Paz

“Desculpe, sou contra o Putin, um diabo medonho, e porque tenho horror a qualquer guerra. Não existe justificativa para elas. Ah, e dizem que o Putin é homofóbico”

É impressionante a dificuldade dessa esquerda liberal de entender que essa guerra não pode ser avaliada por critérios morais aplicados a seus personagens principais. Também parece difícil entenderem que a guerra já estava acontecendo há 8 anos mas, curiosamente, só quando a Rússia reagiu é que os “pacifistas” se escandalizaram. Lembra muito o horror que surge quando uma bombinha Palestina atinge Israel alertando os “pacifistas” – que saem as ruas vestindo branco e pedindo paz – mas são os mesmos que respondem com absoluta apatia quando ocorrem os repetidos massacres em Gaza (que os sionistas tratam como “mowing the lawn” – aparar a grama).

Pois agora aparecem oportunistas que são contra a Guerra da Ucrânia, mas sequer ficam com a cara vermelha ao apoiar nazistas “old school” – que sequer podem ser chamados de neonazis, porque de novo nada têm. Querem a paz, mas só a paz do domínio, da submissão e do silêncio.

Em nome de uma russofobia e um ódio infantil à “pessoa do Putin” (e não sua política nacionalista e seu governo de direita) aceitam de bom grado passar pano para fascistas e assassinos, que queimaram mais de 50 pessoas vivas em um sindicato em Odessa, construíram laboratórios para guerra química, amarram cidadãos em postes, espancam ciganos e aniquilaram – através de suas brigadas de ultradireita – mais de 14 mil cidadãos em Donetsk e Lugansk desde o golpe de 2014

Por que apenas agora a guerra se tornou inaceitável? Por que admitiram até então que um país dominado por nazistas se juntasse à OTAN e se armasse com bombas atômicas ao mesmo tempo em que rasgavam o acordo de Minsk? Por que se negaram a perceber que uma ogiva nuclear em Kiev leva 4 minutos para atingir Moscou e estaria sendo colocado em uma cabeça de ponte da OTAN na Europa Oriental? Qual país no mundo inteiro aceitaria essa ameaça no seu vizinho? Por certo que o Império americano não, visto que a crise dos mísseis de Cuba em 1963 teve a mesma motivação.

É impossível não se indignar quando vemos xenofobia e desrespeito à todas as pessoas que defendem a Rússia e que cometem o “crime” de refletir com conhecimento de causa e sensatez, fugindo da propaganda imperialista massacrante, entreguista e oportunista que nos invade. A mesma imprensa corporativa que, em nome dos interesses do sistema financeiro internacional, emporcalha redações e redes de TV com mentiras que transformam nazistas declarados em “nacionalistas” e “forças da resistência”.

Estar contra o Putin (que é um direitista, autoritário, anticomunista e, talvez, homofóbico – who cares??) significa cerrar fileiras com a OTAN e a barbárie maligna e genocida do Império americano. Putin, por mais defeitos que tenha, está do nosso lado, lutando por um mundo multipolar, contra o Imperialismo corrupto e racista. Muitos ainda confundem a paz com a falta de reação e a apatia diante da violência imposta. Muitos mais acreditam numa “pax americana”, onde o imperialismo reinaria sem reação. Esta é uma visão ingênua e paradoxalmente violenta, pois condena muito mais pessoas à opressão e à morte.

Ninguém que se diga de esquerda pode estar ao lado dos golpistas ucranianos e do Império Americano. Uma improvável vitória dos nazistas da Ucrânia poderia determinar as bases irreversíveis para uma terceira guerra mundial. Aí reside o maior paradoxo: os pacifistas pró imperialismo e defensores da OTAN esperam como resultado desse conflito algo que inevitavelmente levaria a uma guerra de proporções catastróficas.

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