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Bagaceiro

bagaceira

Nossos ouvidos são invadidos diariamente por uma enxurrada de músicas de conteúdo erótico explícito cujas protagonistas são meninas e/ou adolescentes. Espanto, rejeição, curiosidade ou clara aversão? Esse tema deveria ser tratado com cuidado e profundidade.

Eu lembro que EXATAMENTE as mesmas criticas que vemos aos bailes e às músicas do funk popular foram feitas aos rebolados do Elvis e às próprias letras do nascente roquenrol. Hoje em dia parecem coisa de criança. Quando me choco com as músicas e performances dessas meninas tento decidir se estou parado no tempo e me comportando como um velho de pensamentos e gostos anacrônicos… ou então se meu horror é justo e devemos colocar uma barreira contra os excessos produzidos pela indústria do entretenimento.  

Não tenho respostas. Como de regra prefiro as perguntas, mesmo que isso me ofereça ainda mais angústia. Minha principal questão é se estas meninas, novas estrelas da música Funk, estão empoderando as mulheres através do (novo) protagonismo da sua sexualidade ou apenas aprofundando sua objetualização e coisificação. Entre o choque e o assombro ainda creio que o simples distensionamento das amarras da sexualidade feminina – da qual fui testemunha nos últimos 40 anos – não resolveu a angústia essencial que sua complexa expressão erótica demanda.

Por outro lado, também percebi que nenhum passo atrás seria admissível em um mundo embriagado pela histeria dos corpos e vozes. Entretanto, debater está questão é essencial. A explosão da sexualidade explícita dessas meninas é uma nova etapa da revolução sexual ou um contragolpe silencioso e dissimulado do patriarcado?

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