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Propaganda sionista

A propaganda de “lavagem cerebral” promovida pela máquina de propaganda sionista faz parte de uma antiga estratégia, concebida para manipular as emoções dos observadores pouco atentos. Esta proposta procura descrever Israel como um modelo de causas sociais – como os gays, as mulheres e a alimentação vegetariana – que tendem a ter mais apoio entre a população jovem no mundo desenvolvido. O objetivo evidente desta publicidade é fazer com que as pessoas se concentrem em como Israel é “bom” para sua população, para que estas imagens produzam uma cortina de fumaça sobre os massacres, o racismo, o genocídio, a limpeza étnica, as prisões, etc. Procuram fazer com que esqueçam (ou não percebam) que é este país foi construído sobre a desapropriação brutal e a opressão contínua dos palestinos.

Outra perspectiva é mostrar Israel como ocidental (como nós!!) e “civilizado” quando é comparado a “eles”, os malvados e atrasados árabes, o que justificaria toda essa a violência sobre eles cometida. Uma frase comum dos apoiadores de Israel ainda é “Uma Cidade na selva”, fazendo crer que Israel e sua população branca e europeia veio “trazer luz às trevas da barbárie”. Esta é uma adaptação da secular teoria da “missão civilizadora” pró-colonialista, que durante séculos justificou a invasão dos povos do sul global pelas nações imperialistas.

Lembro da cena de Pizarro chegando com seu pequeno exército e confrontando o chefe Inca Ataualpa. Nesse episódio, o frei Vicente de Valverde, que acompanhava o brutal conquistador espanhol, entregou nas mãos do chefe Inca um exemplar da Bíblia. Ataualpa, por jamais ter visto um livro em sua vida, jogou o exemplar longe, como se fosse um presente insignificante para ele, além de inútil. Ato contínuo, o padre voltou-se para Pizarro e afirmou: “Saiam, saiam Cristãos!! Invistam contra esses cães inimigos que rejeitam as coisas de Deus. O tirano jogou ao solo meu livro com as sagradas leis. Vocês não viram o que aconteceu? Por que continuar polidos e servis diante desse cachorro orgulhoso enquanto as planícies estão cheias de índios? Marchem contra ele, porque eu os absolvo!!” A partir de então começou uma batalha feroz entre os europeus – com cavalos, aço e cavalos – contra os índios que usavam leves armaduras de cobre e sem animais para compor uma cavalaria. Na carnificina que se seguiu mais de 7 mil indígenas morreram em poucas horas, e teriam sido mais não fosse o cair da noite. Todavia, como negar o direito “divino” daqueles que empunhavam o símbolo da cruz sobre a vida dos pobres selvagens?

Qual a diferença entre esta demonstração de arrogância (travestida de civilização) dos espanhóis em direção aos Incas e a forma como exaltamos a “diversidade” europeia que os israelenses apregoam? Em ambos os casos, estes valores foram usados para considerar os invadidos como populações “inferiores”, apenas por não usarem a mesma tábua de valores ocidentais que adotamos. Posteriormente essa diferença foi utilizada como justificativa para toda e qualquer barbárie, assassinato, confisco, roubo e genocídio. Afinal, matamos, torturamos, abusamos e exterminamos para salvar nossa cultura superior da ameaça dos “bárbaros”. “Marchem contra estes carnívoros e homofóbicos, porque eu os absolvo”.

A imagem mais propícia para esta propaganda, a qual resume essa mensagem tanto bizarra quanto falsa, é um casal gay fazendo uma refeição vegetariana. Os desavisados aceitam sem questionar, mas a cada dia que passa maior é o número daqueles que não aceitam mais a mentira sionista

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Imundície

Pizarro e a Conquista do Peru, 1846 por John Everett Millais (1829-1896, UK)

Li agora uma postagem que criticava os europeus por se acharem os donos do mundo mesmo quando, durante a época das navegações, suas cidades eram imundas e fétidas. Com outras palavras o texto dizia: “Como poderiam exigir nossa subserviência quando andavam misturados com seu próprio excremento e quase foram destruídos pela própria sujeira? Toda essa falta de asseio e promiscuidade foram responsáveis pela ocorrência da peste negra, entre outras tantas mazelas. Como ousam se considerar superiores??” finaliza o post, que mistura indignação com humor.

Atrás dessa informação existe a crença de que o cristianismo – uma “máquina totalitária”- seria o responsável pelos massacres e extermínios das populações nativas. Estas seriam “superiores”, mais asseadas, e (acreditem) mais pacíficas. Nada poderia estar mais longe da verdade. A resposta à indagação de “como poderiam ser superiores?” é simples: o poder não tem nada a ver com higiene, bons costumes, asseio pessoal, etc. e também nada tem a ver com superioridade moral; isso é apenas um preconceito modernamente disseminado. Vou mais além, e talvez deixe alguns desavisados um pouco chocados, talvez surpresos: os europeus dominaram o mundo, entre outros fatores, por causa da sua imundície.

Exatamente. Ser imundo foi uma imensa vantagem sobre os ameríndios, por exemplo. Quando aqui chegaram, os fedorentos espanhóis – em especial – trouxeram suas armas (e a pólvora), seu aço (nos escudos e espadas, em contraposição ao frágil bronze dos nativos americanos) e…. germes, milhões de bactérias peludas e gosmentas, adquiridas principalmente através da domesticação de múltiplos animais; o convívio íntimo com vacas, porcos, galinhas, cães, gatos e cavalos. Isso significa muito mais espécies do que os mexicas e incas haviam sido capazes de domesticar para compartilhar germes e doenças. Essa promiscuidade ofereceu aos europeus uma superioridade imunológicas importante, produzida pelo contato intenso e incessante com uma grande variedade de microrganismos.

A invasão europeia das Américas causou proporcionalmente poucas baixas indígenas em combates diretos, quando comparados com os confrontos diretos com os invasores, mesmo com a diferença brutal de capacidade bélica – basta ler sobre a grande batalha de 1532, onde Pizarro capturou o chefe inca Ataualpa no Peru, onde menos de 100 espanhóis destruíram 80 mil nativos em poucas horas – mas principalmente pelas doenças contagiosas (gripe, varíola, pneumonia, conjuntivite, etc,) que os invasores do velho mundo carregavam em sua bagagem, as quais produziram as mortes posteriores. Sem o saberem, trouxeram em suas roupas, suor, perdigotos e sangue suas armas mais perigosas e mortíferas

Portanto, a imundice dos europeus foi um dos seus maiores trunfos para se estabelecerem como cultura preponderante e dominante. Longe de ser uma “desvantagem” ou símbolo de inferioridade, sua porquice provavelmente permitiu que se tornassem senhores do mundo.

Achar que os cristão eram muito diferentes – ou tinham diferenças intelectuais e morais – com os povos invadidos é apenas culpa branca estéril, um pensamento cafona e racista. Os povos são todos feitos de pessoas, grupos que se organizam em diferentes graus de sofisticação tecnológica e social, mas possuem a mesma contituição moral. Os ameríndios não fizeram a viagem inversa para a conquista da Europa apenas porque eram incompetentes para isso, e não porque fossem pacíficos ou porque não aceitavam as guerras e conflitos. Ora, a história da América Central, dos mexicas, dos toltecas é de uma violência inacreditável. Fizeram crueldades com as populações conquistadas que são inimagináveis até para a violência animal dos conquistadores espanhóis. A ideia de que eles eram “pacíficos” é uma idealização absurda. Ainda hoje existem disseminadores da ideia de “bom primitivo”, o “indígena pacífico”, mas isso é irreal, e existem provas documentais de que isso jamais poderia ter acontecido.

Aliás, o pacifismo em todo o planeta sempre acaba quando seus filhos começam a passar fome. Os Europes, por questões da geografia, da agricultura, da pecuária e da orientação do clima (horizontalmente determinado, ao invés de verticalmente estabelecido) saiu na frente e chegou primeiro às Américas, derrotando povos de tecnologica mais atrasada e biologicamente despreparados. Essa conquista não foi por uma questão moral, religiosa ou qualquer outra dessas características. Se pensarmos dessa forma preconceituosa e racista, seremos obrigados a aceitar diferenças essenciais entre povos e culturas – como inteligência e moralidade – e isso nos fará retroceder 200 anos na história da equidade racial nesse planeta.

O grande problema é o idealismo. A visão de que as ideias cristãs são totalitárias – em contraposição ao teleologia dos nativos – é pura perspectiva idealista. Se Constantino não tivesse convertido o Imperio Romano ao cristianismo Cristóvão Colombo chegaria aqui carregando uma imagem de Júpiter ou de Marte. Para os interesses comerciais dos europeus a figura a representá-los seria irrelevante; as questões materiais serão sempre preponderantes e se sobrepõem às ideias. O cristianismo – ou o islã – são apenas religiões que captam e transcrevem (e não disseminam por si só) as aspirações humanas de proteção e sobrevivência para lhes oferecer um suporte ideológico, mas não são jamais os motores da transformação social. As religiões são ideologias onde colocamos nossos valores, e não de onde os retiramos. Ou seja: se não fosse o cristianismo seria qualquer outra ideologia a carregar os anseios de expansão da cultura europeia para além do atlântico.

Recomendo como leitura complementar a obra “Armas, Germes e Aço” de Jared Diamond, onde ele descreve com riqueza de detalhes e de forma pormenorizada as razões pelas quais existem diferenças marcantes no desenvolvimento do processo civilizatório nas diferentes partes do mundo.

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