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Racismo invisível

“PM nega motivação racista ao espancar o sujeito no Carrefour”.

O grande erro das análises sobre a morte no Carrefour continua sendo achar que a motivação racista se refere somente aos possíveis conteúdos CONSCIENTES, quando em verdade tem a ver com a estrutura social que INCONSCIENTEMENTE direciona nossas ações.

É exatamente por isso que temos um racismo invisível, até com aparência de cordialidade – ou democracia racial – porque ele está embebido na arquitetura social mais profunda, longe das luzes da consciência. Mas o fato de ser inconsciente o torna ainda mais difícil de combater. Como a violência obstétrica: quanto mais invisível, mais poderosa.

É muito difícil para muitos entender como funciona o racismo estrutural porque não percebem que nossas decisões percorrem um caminho que se situa abaixo da linha do consciente. É ali no breu do inconsciente, no escuro dos sentimentos mais primitivos e onde a luz da razão não encontra espaço, que estas escolhas são feitas.

Para entender o racismo estrutural é importante despir-se da arrogância racionalista e reconhecer a origem das nossas decisões. Somente esse mergulho nas emoções mais ancestrais nos permitirá entender porque os negros morrem nas mãos da polícia ou de seguranças enquanto aos brancos é reservado um espaço de civilidade protetiva. Os corpos negros, como se diz, são corpos “castigáveis”; violar e maltratar as carnes pretas ainda é um ato impune.

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Apartheid

racismo

Para alguns é difícil compreender a diferença entre racismo institucionalizado e racismo como excrescência cultural. É realmente difícil explicar isso para quem se nega a enxergar a potência de uma norma institucional. Para muitos a promulgação da Lei Áurea não precisava ter acontecido, e poderíamos ter banheiros, escolas, cinemas e ônibus separados para brancos e pretos, afinal… não faz diferença alguma se estiver na lei ou nos costumes, não é?

Para estes mesmos, a luta de Martin Luther King foi inútil porque a polícia americana continua matando mais negros do que brancos. Portanto, se o racismo existe, porque não regulamentá-lo? (entendam a ironia, pelo amor de Deus)

Mandela? Pffff… um inútil idiota. Afinal, para que toda a sua luta, que consumiu uma vida inteira, para acabar com o racismo se a economia ainda hoje continua na mão dos brancos africaners?

Muitos, municiados por estas falácias, se negam a enxergar a força simbólica das leis. Mudá-las, em direção à justiça social, é um motor poderoso na direção da paz e da equidade.

Eu fico espantado com o quanto existe de gente de bem que nunca percebeu que as leis discriminatórias produzem uma MARCA na sociedade, uma “mancha” que é muito mais grave do que a existência de uma cultura ainda discriminatória e injusta por força da inércia de seus preconceitos. Não perceber essa diferença é grave, pois produz uma equalização TOLA. “Ah, já que o Brasil é racista e os Estados Unidos também, qual o problema de criarmos leis que separam as raças?“. Ou então: “Ah, já que Israel tem Apartheid, qual o problema de fazermos isso também com nossos índios e aplicarmos um genocídio LEGAL aos povos nativos?

Não entender essa diferença é a faísca da selvageria e da brutalidade, a qual facilmente acende os piores instintos fascistas.

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