
Antes de 1981 a chance de você assistir um filme de novo – por exemplo, 2001, Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick – apenas por saudade, curiosidade ou porque queria entender direito uma cena, era se a Globo resolvesse passar o filme às 3h da manhã de uma segunda feira na Sessão Cult. Outra possibilidade, bem mais remota, seria uma sessão/debate de cinema da faculdade, mas esta era uma possibilidade ainda mais difícil de acontecer. Não havia nenhuma outra forma de conseguir uma cópia do filme para assistir quando quisesse. Quanto melhor o filme – os chamados filmes cabeça – menor a possibilidade de você vê-lo de novo.
E quando, numa mesa de bar, alguém começava a debater os significados profundos da cena em 2001 – onde o antropoide utiliza uma ferramenta feita de osso para dominar o meio ambiente e depois esta mesma ferramenta se transforma numa espaçonave – e você nunca havia assistido o filme, o máximo que poderia fazer era pedir que trocassem de assunto, simular uma convulsão ou pedir outra cerveja em voz alta. Você só teria como conhecer a cena através do relato dos amigos…
Lembro bem dos telefonemas durante a semana avisando que “A Última Noite de Boris Gruchenko” ia passar de madrugada e por causa disso passávamos vários dias organizando nosso tempo para ser possível assistir. Hoje já é possível adquirir uma cópia digital de literalmente qualquer filme, assistir a hora que quiser, parar as cenas, estudar os detalhes e até fazer um gif para ilustrar seu ponto de vista, destacar uma passagem interessante ou melhorar uma aula.
O videocassete foi quem abriu as portas para este mundo de acesso imediato à informação, antes ainda da criação e disseminação dos computadores. Para mim, é uma maravilha cuja amplitude os novos não conseguem entender, porque já nasceram no tempo da informática e da rapidez quase instantânea das informações. Portanto, um viva para a revolução digital que se iniciava há quatro décadas e veio mudar o mundo como o conhecemos.