Quando o Orkut era o canal mais popular de conversas on line no Brasil eu criei a comunidade “Parto Humanizado”, exatamente para debater as questões relacionadas à humanização do nascimento no Brasil (e posteriormente de outras partes do mundo). De uma hora para outra a comunidade encheu, inflou-se e chegou a ter 5 mil pessoas inscritas. O sucesso dos participantes acabou atraindo pessoas contrárias à causa da humanização, que infiltravam-se nas conversas para agredir os interlocutores. Assim, o caráter anônimo destes participantes fazia com que a comunidade fosse recheada de “stalkers” e “trolls”, sujeitos interessados apenas em participar de uma recém criada modalidade de ação perversa: o “cyberbullying” (perdão pelo excesso de estrangeirismos – espero que encontremos em breve palavras em português que definam estes atores sociais e estes comportamentos perversos).
Atuando escondidos na multidão e com sua identidade escondida, a exemplo dos “bravos e corajosos” anônimos dos estádios de futebol, estes indivíduos entravam nas comunidades e despejavam ódio, rancor, ressentimento, ignorância e violência verbal de todo o tipo. A atitude era sempre provocativa, ácida e maldosa. Muitas vezes fui chamado – por ser o moderador – para acalmar (e até expulsar) pessoas cujo comportamento era absolutamente abusivo com os demais, muito além do que se admitiria perante um contraditório, uma diferença de opinião ou ponto de vista.
Mas o Orkut desapareceu, e com ele estas personalidades destrutivas e anônimas, certo? Só que não….
Elas continuam povoando os debates e as conversas. Podem ser facilmente encontradas na seção “comente a notícia” dos jornais, onde despejam, o fel de sua amargura contra os criminosos, os gays, os pobres, os políticos, os exóticos e todos aqueles que são diferentes de si mesmos. Procuram avidamente qualquer iniciativa honesta e caridosa para tratá-la como mentira, engodo ou falsidade. Pisoteiam a dor alheia, desrespeitando os mais nobres sentimentos humanos, como o sofrimento por uma perda.
Para estas pessoas, anônimas, acovardadas em seu pequeno mundo cibernético, eu recomendo que tenham responsabilidade sobre o que falam e dizem. O Bullying entre adolescentes, na sua modalidade “internet”, passou a ser um assunto de polícia e de saúde pública, em vista de tantos acontecimentos dramáticos e trágicos que acontecem ultimamente, como suicídios e assassinatos. E para os adolescentes que sofrem este tipo de agressão o conselho é que NÃO REVIDEM! Não participem do círculo vicioso de rancor, mágoa, agressão. Não retaliem, porque o ódio de quem os ataca é muito maior. Peçam ajuda – família, autoridades ou polícia – compreendam a dor de quem os ataca mas não participem desta doença.