Conversa de enfermeiras na troca de plantão do Centro Obstétrico de um hospital privado da cidade:
– E aí a sala de recuperação e o centro de material e blá, blá, blá, e a escala, e a rouparia e blá, blá, blá, e as salas de parto e blá, blá, blá, e também depois do aumento que houve, né?
Espichei o ouvido e perguntou:
– Aumento de quê? Salário?
Elas sorriram
– Quem dera doutor. Estávamos falando do aumento de partos normais no hospital. É impressionante.
– Sério?, perguntei eu.
– Sim, inquestionável. Vamos tabular e te mostrar.
Eu sabia que eu ainda estaria vivo para testemunhar a “virada”. A razão para a mudança? As mulheres, as mulheres.
Alguns dias depois e testemunhei três salas de PP no hospital cheias. Partos acontecendo a toda hora. Figuras desconhecidas transitando pelos corredores conduzindo trabalhos de parto. Em duas salas havia doulas acompanhando, enquanto maridos esperavam pacientemente lá fora o momento de trocar com elas de lugar.
Recém se completou um ano de “proibição branca” de doulas (as pacientes precisam escolher apenas um acompanhante, seja ele o companheiro ou a doula), mas nós não desistimos. Nossa tática foi aceitar a imposição e agir com suavidade. Com a quantidade de partos aumentando e o número de funcionários estacionado as doulas passaram a ser cada vez mais importantes e necessárias.
E isso fica cada dia mais fácil de constatar.
Parabéns meninas pela perseverança delicada e firme