Fiquei emocionado de ler um artigo que tratava do “Feminismo que precisa escutar as mulheres” escrito por Marjorie Rodrigues. Há muito tempo que não debato isso – por medo de esquartejamento – mas não me furto de escrever sobre o tema de uma perspectiva masculina sobre um movimento que é protagonizado por mulheres. Muito se tem escrito sobre a Violência Obstétrica e a importância de combatê-la, com o que sempre concordei. Porém, há alguns meses, recebi um “whats” de uma importante ativista preocupada com o tipo de enfrentamento que se formava, que basicamente se estruturava de forma binária: de um lado vítimas, as mulheres, e de outro os algozes cruéis e insensíveis, os médicos.
Claro que o maniqueísmo explícito dessa proposta já nos deveria alertar, mas muitas vezes a paixão pela causa nos deixa cegos para algumas idiossincrasias, e deixamos de ver todas as outras cenas que se desenrolam ao lado do túnel criado pelo nosso foco.
Não creio ser possível construir nenhum movimento que promova a equidade sem retirar a mulher da posição de vítima, passiva e estática, manipulada por uma ordem outra que não seja sua própria vontade e determinação. Vítimas nunca são protagonistas. Vitimas são sempre objetos, mesmo quando as protegemos.
Para mudar essa realidade é fundamental que a atitude das mulheres também se modifique, que elas reforcem seu protagonismo e que não aceitem imposições sobre seu comportamento, seja dos homens ou daquelas que querem falar por elas.