Fiquei pensando sobre os fetiches e me veio à mente a pergunta é: não temos um preconceito irracional sobre a expressão dos fetiches, desconsiderando sua natureza e aplicando sobre eles valores morais? Poderia um homem que expressa seus fetiches aparentemente bizarros – fazer sexo vestido de mulher, vestido de bebê ou caubói, em lugares exóticos, com múltiplas(os) parceiras(os), etc. – ser criticado, humilhado e censurado pelas sua “escolhas”, a forma como recobre de realidade suas fantasias?
A questão, entretanto é mais complexa. Os fetiches e as fantasias não são escolhas racionais e livres; são emanações do inconsciente e vinculadas aos estratos mais profundos do psiquismo humano. Nenhum sujeito escolhe racionalmente (apesar da expressão do desejo ser racional) ser espancado durante o sexo como forma de gozo, mas estas atitudes expressam significados muito profundos e da ordem do inconsciente.
Todavia, não seria o romantismo uma manifestação fetichista socialmente aceita e valorizada? Essa foi a ideia que algumas amigas mulheres me trouxeram e que eu achei muito interessantes. O romantismo de homens e mulheres é tão fetichista quanto uma orgia ou uma fantasia “bizarra”. O romantismo pode fazer diferença para o(s) parceiro(s), pois que são convidados a participar ou ser cúmplices dele; todavia ele é igual a qualquer outra fantasia para o sujeito que a produz.